O Presidente da República de Angola, João Lourenço, na sua qualidade de Presidente em exercício da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), defendeu ontem, 18, no debate geral da Cimeira dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na sede das Nações Unidas, a necessidade de maior segurança para alavancar o desenvolvimento da região austral
O estadista angolano referiu que nada do que consta dos planos, objectivos e programas delineados ao longo destes anos, poderá ser realizado de forma efectiva e com os resultados positivos que se pretendem obter se não se conseguir realizar um esforço coordenado no sentido de eliminarem-se os conflitos que afligem a região austral.
“Os conflitos, a instabilidade, a insegurança e a imprevisibilidade, desencoraja o investimento e retira aos nossos mercados a credibilidade de que necessita para que os nossos parceiros internacionais invistam mais nas nossas economias”, manifestou o Presidente angolano.
No entanto, reconheceu estar consciente da relação de interdependência que existe entre Paz e Desenvolvimento e em função disso a República de Angola, na sua condição de presidente em exercício da SADC, continuará a desenvolver acções com vista à concretização futura da Visão 2050 da SADC, que prevê uma região com estabilidade política e social, pacífica e desenvolvida do ponto de vista económico e de justiça e liberdade para os seus cidadãos.
“Esses objectivos, que são específicos da nossa região e também compartilhados pelos nossos parceiros internacionais, serão concretizáveis com um esforço conjugado entre todos, mas com muito menos constrangimentos e obstáculos, se a relação entre a nossa região e a comunidade internacional se desenvolver sem as medidas unilaterais punitivas contra Estados membros da SADC como no caso do Zimbabwe”, posicionou-se.
Entretanto, o Presidente João Lourenço lembrou que a região da SADC fez progressos assinaláveis na implementação das prioridades de cooperação e integração regional, delineadas na Visão 2050 da organização e no Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional 2020-2030.
Ainda assim, esclareceu, que esses avanços poderiam ter sido mais significativos e mais expressivos, se a região não tivesse que ter lidado com a crise global e outras específicas da zona, que obrigaram a desviar a atenção das questões centrais sobre o desenvolvimento para lhes fazer face.
“Além disso, é sempre oportuno referir que as dificuldades de acesso aos recursos financeiros em condições comportáveis para as nossas economias representa um outro lado do problema, talvez o maior, com que nos confrontamos permanentemente para realizarmos projectos essenciais em áreas determinantes para impulsionar o nosso desenvolvimento, de que depende naturalmente a criação de condições que favoreçam a necessária e urgente alteração do quadro e dos indicadores de pobreza que se observam actualmente nos nossos países”, manifestou.
Alterações climáticas
Por outro lado, acrescentou que a região da África Austral, como se tem vindo a observar, tem estado a ser sujeita a consequências das alterações climáticas com todos os efeitos nocivos que este facto produz sobre as economias da região.
Desse modo, é fácil perceber-se pelas razões referenciadas pelo estadista que há uma sensibilidade muito especial para este problema e deste modo.
“Quero sublinhar a necessidade da implementação da agenda internacional das alterações climáticas e do cumprimento das promessas de disponibilização de recursos financeiros feitas pelos países desenvolvidos a fim de com alguns outros recursos complementares se possa assegurar o financiamento da adaptação até 2025, para se alcançar o objectivo de recapitalizar o Fundo Verde para o Clima”«, disse.
O Presidente da SADC salientou, por fim, a importância da cooperação global, da solidariedade e da acção conjunta para fazer face aos múltiplos e complexos desafios que o mundo enfrenta actualmente, apelando à Assembleia-Geral das Nações Unidas no sentido de colocar esses propósitos no capítulo das prioridades da sua agenda para os próximos tempos.
ODS
Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, formado por 17 metas, constam da Agenda 2030 da ONU, que aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável, como sócio-económico, ambiental, que promova a paz, a justiça e instituições eficazes.
Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) têm como base os progressos e lições aprendidas com os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecidos entre 2000 e 2015, e são fruto do trabalho conjunto de Governos e cidadãos de todo o mundo.