Amanhã, 1º de Setembro, na província de Malanje, o Ministério da Educação estará a realizar a cerimónia da abertura do ano lectivo 2023-2024, subordinada ao tema: “A Transformação da Educação Começa Com o professor”, quer dizer, a partir de segunda-feira da próxima semana, 04 de Setembro, o sector da Educação começará a enfrentar os antigos problemas, como se tratasse de algo costumeiro.
Entre tantas insuficiências, trouxemos, em reflexão, as seguintes: (i) A fraca valorização do professor: o modelo de ensino que as escolas angolanas possuem coloca o professor como o principal agente, um agente indispensável e insubstituível, visão igualitária que Azevedo (2010: 116) nos faz saber, o professor é o “elemento fundamental na relação entre o aluno e o saber”.
O professor é uma peça muito chave no processo ensino-aprendizagem, porque acarreta muitas responsabilidades, entretanto a sua valorização é muito reduzida, os professores trabalham em condições precárias, correm grandes riscos nas suas atuações laborais, trabalham com materiais didácticos insuficientes e, como um dos picos da não valorização do professor, o estado dá um salário magro.
Nóvoa sublinhou que [os professores são achados como] “os profissionais razoavelmente medíocres, que não precisam de grande formação, grandes condições salariais, [essas atitudes dão-nos a entender à semelhança de Nóvoa] que qualquer coisa serve para ser professor”.
(ii) A passividade do aluno: muitos professores olham para os seus alunos como meros reprodutores, são apenas ouvintes, só os professores é que trazem conhecimentos, isto é, “alunos como recipientes vazios que os professores os enchem”, um modelo pedagógico que vigorou por muito tempo a nível do mundo, o infeliz é saber que a escola angolana ainda usa esse modelo.
É importante que se veja o aluno como um agente activo, que se procure organizar a turma com os estudantes, como opinou Nóvoa “se não houver o trabalho de cooperação entre os alunos mais e menos avançados, entre os alunos que têm maior predisposição para certas disciplinas e os que têm para outras, enfim, se não houver a possibilidade de professor não ser o único ensinante dentro da sala de aula, é impossível conseguir práticas de diferenciação pedagógica” (2007: 9) (iii) A longa distância entre a escola, família e comunidade: “é impossível colocar à parte escola, família e comunidade, pois, se o indivíduo é aluno, filho, cidadão ao mesmo tempo, a tarefa de ensinar não complete apenas à escola, porque o aluno aprende também através da família, dos amigos, das pessoas que ele considera significativas, dos meios de comunicação, do cotidiano.
Sendo assim, é preciso que professores, família e sociedade tenham claro que a escola precisa contar com o envolvimento de todos”. (Silva, Gomes e Santana).
Não pode haver distanciamento entre a escola, família e comunidade, porque não pode existir uma escola sem comunidade e comunidade sem família. (iv) Um estilo de aula rotineiro: as nossas escolas deixaram de ser interessantes, poucos são os alunos que têm a escola como segunda casa, nela há pouco prazer, as aulas em todas as semanas são as mesmas, é a seguinte conclusão: “o estilo convencional de aulas, geralmente igual para todas as matérias, a falta de entusiasmo do professor, a dificuldade de tratar os conteúdos de uma forma viva e dinâmica, contribuem para tornar (…) [a aula n]uma atividade enfadonha, rotineira, levando os alunos a se desinteressarem e a perderem o gosto pela escola”.
(Libâneo, 2013: 115 como citado por Anjos et al. 2020:33). É tempo de se criar metodologias activas, procurar diferenciar as aulas, privar o aluno na escola, as aulas devem fazer com que os alunos gostem da escola, isto é, convidativa e privativas.
Essas insuficiências já fazem parte do sector da Educação há muito tempo, os anos novos trazem pouco de novos, quase tudo é antigo, a inovação é pouco conhecida no nosso sector.
Por: Adilson fernando