Entre os convidados, para a cerimónia de homenagem, destacam-se os escritores Jofre Rocha, Fragata de Morais, o secretário-geral da união dos Escritores Angolanos, David Capelenguela, e outras entidades governamentais, críticos literários, agentes culturais e o público leitor
O escritor, político e enfermeiro Uanhenga Xitu é homenageado hoje, pelas 16 horas, no auditório da Mayamba – Editora e Livraria, sito na zona da Maianga, em Luanda, em função do seu aniversário natalício assinalado a 29 de Agosto. A sessão de homenagem, de acordo com a organização, realiza-se no âmbito da rubrica “Autor do Mês”, uma iniciativa da editora que visa homenagear os autores publicados por si e polos em contacto com os seus leitores, e, também, para saudar o 99º aniversário natalício do autor.
“Sendo um dos primeiros publicados pela Mayamba Editora, em 2010, data da sua criação, achamos por bem dedicar a edição de “O Autor do Mês” do mês de Agosto a Uanhenga Xitu (inmemoriam), pelo seu 99º aniversário natalício”, explicou Arlindo Isabel, proprietário da editora. Durante o acto de homenagem, acrescenta, estarão expostas diversas obras do político falecido a 13 de Fevereiro de 2014, para que os leitores, escritores e público, em geral, possam manter o contacto e ‘viajar no tempo’, desfrutando daquilo que era a capacidade criativa e descritiva do autor.
Entre os convidados para a cerimónia de homenagem, segundo o responsável, destacam-se o secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), David Capelenguela, os escritores Jofre Rocha e Fragata de Morais, entidades governamentais, críticos literários, agentes culturais (voltados à literatura) e público leitor. “Teremos alguns escritores da antiga geração, que têm Uanhen ga Xitu como uma fonte de inspiração e apreciam as suas obras. Estamos a falar de escritores como Jofre Rocha, Fragata de Morais, o próprio secretário da UEA, e tantos outros”, salientou.
Sobre o homenageado
Uanhenga Xitu é o pseudónimo literário de Agostinho André Mendes de Carvalho, natural de Ícolo e Bengo (29 de Agosto de 1924 — Luanda, 13 de Fevereiro de 2014). Foi enfermeiro, politólogo, político e escritor angolano, destacando-se pela sua resiliência e importante contributo em prol da Independência Nacional. Foi, ainda, membro fundador da UEA.
Em 1957, passou a exercer, clandestinamente, actividades políticas ligadas à independência de Angola dentro dos Comités de Panfletagem na periferia de Luanda, ligados ao ainda tímido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e ao grupo Espalha Brasas. Filiou-se no Exército de Libertação de Angola (ELA) em 1958, e acabou por ser implicado juridicamente, no âmbito daquilo que viria a ser chamado o “Processo dos 50”. Por conseguinte, foi preso pela Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE) em 1959, no seguimento da detenção no aeroporto de Luanda.
Foi desterrado para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde ficou de 1962 a 1970. Enquanto escritor, Uanhenga Xitu começou a dar os primeiros passos no mundo da literatura na prisão, impelido pelo desejo de preservação memorialística do passado para conhecimento das gerações futuras, bem como pelo encorajamento dos companheiros de cela, para que escrevesse.
Após a independência, dedicou-se inteiramente à política e à medicina, mas sempre mantendo a sua veia literária activa. Em 2006, recebe a distinção do Prémio de Cultura e Artes na categoria de literatura pela qualidade do conjunto da sua obra literária, causando-lhe uma enorme surpresa e dando-lhe lugar na lista de melhores autores da história literária angolana.
Obras
Entre as diversas obras publica- das por Uanhenga Xitu destacam-se Mestre Mestre Tamoda (1974), Mestre Tamoda e Outros Contos (1977), Manana (1974), Maka na Sanzala (1979), Vozes na Sanzala (Kahitu) (1976), Mungo: Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem (1980), Os Discursos de “Mestre” Tamoda (1984), Bola com Feitiço (1974), O Ministro (1989), Cultos Especiais (1997), Meu Discurso (1974).