Por causa das greves ocorridas durante o passado ano lectivo de 2022/23, o término foi reajustado para meados de Agosto, o que sub- meteu aos formandos um esforço acima do requerido
O presidente do Movimento de Estudantes de Angola (MEA), Francisco Teixeira, considerou o ano lectivo findo do ensino superior como de muito sufoco aos estudantes, porque tiveram de ser submetidos a aulas muito in- tensas e, muitas vezes, com recurso a meios digitais.
“É preciso referir que nós não estamos a questionar a recorrência aos Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s), mas a falta desses meios nas escolas. Quanto às matérias dadas, chegaram-nos informações de estudantes que tinham conteúdos de três sessões de aulas em uma única”, lamentou o defensor dos estudantes, para quem certas situações deviam ser acauteladas. A Francisco Teixeira preocupa, igualmente, o facto de certas cadeiras que não tinham professores terem sido ministradas em forma de seminários de cinco dias e por cinco horas.
Para si, o Ministério devia abrir mão a concursos públicos dirigidos para se preencherem essas vagas registadas em quase todas orgânicas do ensino superior público. “Esse fenómeno verificou-se mais nas turmas das classes iniciais deste subsistema, já que os estudantes dessa categoria, ao terminarem o ciclo básico do ensino superior, designadamente o 1º e 2º ano, não devem transitar para o 3º com cadeiras em atraso”, disse. Francisco Teixeira insta os ministérios que dirigem o ensino a educação, em Angola, e os sindicatos a melhorarem as suas formas de negociações para evitar um estado de desconfiança, in- certeza e terror dos alunos nas escolas públicas.
Recordou, por isso, que os prejuízos recaem mais aos estudantes das escolas estatais, porque, sempre que as mesmas têm as aulas paralisadas, o sector privado continua com as sessões lectivas. “Aqui, eu chamo, novamente, a atenção dos dirigentes do país e dos representantes das forças sindicais para perceberem que as paralisações de aulas não são boas.
Aliás, as mesmas só retardam o desenvolvimento do país, já que os formandos de hoje poderão ser os quadros de amanhã”, ressaltou o presidente do MEA, que não pretende tirar o peso do direito à greve. Francisco Teixeira propõe-se a continuar a conversar com os seus parceiros, a fim de, cada vez mais, se ir encontrando novas formas de resolver aquilo que classifica como choque de interesses.
Seminários alternativos
Para o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES), Eduardo Peres Alberto, os seminários alternativos à falta de aulas de certas cadeiras sem professores foi a forma que o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) encontrou para compensar. “Mas não, ao exarar um decreto que obrigava os professores a seminariarem os alunos, por cinco sessões, contendo cada uma cinco horas, o ministério não contou com a sobrecarga dos docentes universitários.
A solução é haver concursos públicos para termos professores dessas cadeiras”, disse o sindicalista, que defende este como o período ideal para se evitarem os mesmos constrangimentos no próximo ano lectivo de 2023/24. Eduardo Peres Alberto alerta ao Governo para tornar a concorrência à docência no ensino superior mais actrativa, atendendo os problemas da referida classe docente.