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As malambas do professor Kalangifwa

Jornal Opais por Jornal Opais
29 de Agosto, 2023
Em Opinião

Desde os meus míseros tempos de luas novas que me circulam os passos, tenho cogitado bastante sobre as corridas do tempo que me sufocam em cada sorriso novo do sol que se vai entristecendo ao ritmo da corrida do tempo.

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Na equação matemática de um mais um, ao contexto desta corrida alarmante do tempo, teremos quatro como resultado dessa equação básica.

Nem Pitágoras entenderia esse resultado, ou, talvez, levarnos-ia ao tribunal para junto dos homens das leis respondermos criminalmente por este resultado, mas, claro, Pitágoras não é do nosso tempo. No seu tempo, as coisas eram exatas, no nosso não, a única exatidão aqui é a miséria com que nos veste o corpo.

Já não tenho sido herói, ou seja, o heroísmo depende da cor da pátria que nos veste. Sou vestido de vazio. A motivação vai corrompendo-se aos poucos, não há mais nada para fazer, nem mesmo dinheiro para apanhados de livros envelhecidos se consigo.

Mas um dia laboral. Tenho de suportar os filhos dos outros e deixar os meus atirados à boca da fome, é isso a sanção de ter uma profissão nobre na terra de arrogantes.

Deixo-me estar, vou marcando os meus primeiros passos e deixar a minha anatomia cada vez mais longe da visão dos meus filhos que aguardam ansiosamente o feijão que o vizinho militar nos deu que há três dias não coze.

Já dentro da sala de aula, a fome areava-me a vida e expulsava as migalhas de conhecimentos que ainda faziam passeata no meu cérebro.

Continuação da aula é a única solução para acalmar a revolução dos bichos. Enquanto preparava a garganta para soltar alguma prosa após a minha saudação, fui interferido por uma estudante: — professor, na aula passada, sobre os substantivos, o senhor disse que os animais são substantivos comuns, assim aqueles animais do livro a revolução dos bichos de George Orwell também são substantivos comuns? Fixei os olhos.

A resposta evaporava-se dentro de mim, nunca tinha lido esta obra, esses parcos kwanzas que ganhamos só nos serve para comprar carnes mecânicas para esquivar a morte. Respondi que nunca tinha lido o livro e não poderia afirmar nada.

Ela persistiu na pergunta, explicando-me como os animais se manifestam na obra por ela apresentada.

Dizendo que eles falam e resolvem os problemas políticos, ou seja, os animais revolucionam-se e criam seu próprio sistema político e que eles apresentam características humanas. Eu permaneci na mesma posição.

Nenhum esclarecimento saía de mim. Venho dando aula desde os primeiros gritos de chuva deste país como nação, não é hoje que vou deixar cair por terra todo esse tempo.

Sei que já fui alertado por esses rapazes que começaram agora com este ofício de que não se pode ensinar língua sem a literatura.

É tudo uma questão de tempo, vou esperar vê-los quando esta ânsia evaporar. Saberão que ter texto na mão não é melhor que ter uma colher de arroz branco com patinha na boca.

Voltou a questionar a estudante: — o professor nunca leu nenhum livro onde os animais falam? Tenho aqui a obra, pode ler este cho.

A pergunta rasgou-me as forças, uniu-se à fome que me peneira a vida. Repousei as nádegas na carteira.

Tentei inventar umas fintas como os taxistas fugindo da polícia para não ser penteado. Procurei meter ordem na sala como governantes medrosos com as manifestações: — epah… não há tempo, temos de fechar esse capítulo sobre os substantivos ainda hoje. Mas, minha boa estudante, são mesmo substantivos comuns.

Estudante insatisfeita, solta a língua e começa a ler o texto. Todos calam. O AC gela a sala, só para os estudantes, eu sinto o inferno construindo vivenda na sala de aula.

O sino não quer cantar, também se cansou das minhas manobras perigosas e não soltava as suas cordas vocais.

Xixi já espreitava da janela da minha vara. O cinto já não apertava mais. Olhei ao meu caderno didáctico de 1999 e não vejo resposta nele.

Estou mergulhado de calor, imploro pelo sino que soltasse a sua corda vocal. Como apreciadores de bons políticos, procurei improvisar e sair desta situação o mais urgente possível. Dei a primeira resposta que me veio à boca.

— olha, turma, estes são substantivos próprio-comuns ou ainda pode se dizer que são substantivos semi-próprio ou então comuns-próprios. — levantei de onde sentava.

Embora incrédulo com a minha resposta, mas sei que é assim que os políticos brincam com o povo e constroem eternidades no poder.

Sino, já envergonhado com o bilíngue que apresentei, decidiu soltar as suas cordas vocais, já não queria ouvir os meus conceitos pessimamente inventados.

Saí batendo as pernas e com pensamento de domingo ir à muxima orar por esta luta que travei na sala de aula.

Estes miúdos estão a ler mesmo, querem destruir a nossa quarta classe do colono, cogitei enquanto evaporava-me da visão deles.

 

Por: KhilsonKhalunga

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