É um dos assuntos que mais expectativa terá gerado durante as eleições de 2022, isso depois de nas eleições anteriores, isto é, em 2017, o Presidente da República, ainda nas vestes de candidato, dissera que o seu parti- do, o MPLA, iria proporcionar aos angolanos 500 mil postos de emprego. Uma promessa do género, numa fase em que os angolanos iriam ter o terceiro Presidente da República, acabou por se transformar num dos momentos mais marcantes.
E por isso, à medida que o primeiro mandato se foi cimentando, houve por parte dos jovens, sobretudo, uma série de inquietações sobre a concretização ou não de tal promessa, o que viria ainda mais por se comprometer com a pandemia da Covid-19, que fechou em- presas, levou algumas para a falência e com isso muitas das expectativas foram goradas. O fim da pandemia e o relançamento da actividade económica faz com que se acredite em dias melhores, sendo que num dado momento o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social avançara que os números prometidos tinham sido praticamente atingidos, em termos de empregabilidade, embora haja quem pense o contrário.
O desemprego é sempre um problema para qualquer Estado que se preze. E entre nós, não há dúvidas de que seja uma das principais dores de cabeça com que o Executivo angolano se debate, não sendo em vão que o próprio Presidente da República, João Lourenço, tenha descrito como sendo uma ‘autêntica dor de cabeça’ para a equipa que dirige. Com uma juventude extremamente exigente, criticando quase tudo, saindo inclusive às ruas sempre que julga necessário, um deslize na concretização das políticas que visam proporcionar mais postos de trabalho acabaria sempre por criar clivagens com aqueles que são os potenciais eleitores para os desafios seguintes.
E o facto de muitos dos jovens terem optado, quase que maioritariamente, por formações teóricas, sobretudo as ligadas às ciências sociais, deixando de lado alguns cursos técnicos – e com mais saídas no mercado de trabalho dificultam ainda mais a criação de postos de trabalho para muitos dos recém-formados. Felizmente, segundo dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, a população empregada aumentou 1,9%, no IV trimestre de 2022, em Angola, face ao terceiro trimestre do mesmo ano, e consequentemente a taxa de emprego subiu em 0,6 ponto percentual (pp), face ao III trimestre. De acordo com a Folha de Informação Rápida (FIR) do Inquérito ao Emprego em Angola (IEA), publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de emprego dos homens diminuiu 2,6 e das mulheres subiu 3,5 pp, face ao terceiro trimestre de 2022.
Nos principais sectores da actividade económica, cerca de 50,0% da população empregada declararam que exercem o seu emprego principal na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca, seguido do comércio a grosso e a retalho, com 21,7%. Aos poucos, parece que os indicadores vão sendo favoráveis ao Executivo, uma vez que o exército de desempregados que ainda existe esperam mais vezes por informações como as últimas avança- das pelo INE para que se recupere a esperança e se trave a saída de muitos para o exterior.