Desenvolvimento e educação correspondem a duas linhas que se cruzam, que se relacionam.
Não são elementos antagónicos, não se anulam, pelo contrário, o primeiro é, inevitavelmente, consequência do segundo.
Assim, os países que tencionam responder positivamente às exigências filosóficas, tecnológicas, sociológicas, psicológicas, políticas, antropológicas e linguísticas do mundo contemporâneo precisarão de apostar, necessariamente, na educação.
Há países que, de facto, perceberam o que se escreveu acima e, em termos de desenvolvimento, estão a anos-luz. Finlândia é um deles. Angola, por outro lado, não o é.
No quesito educação (e não só), as diferenças entre aqueles dois países são catastróficas.
É claro que, diante disso, o leitor optimista apelará para os mais de 100 anos de independência da Finlândia, lembremo-nos, porém, de que também há países com sistemas de educação notáveis, para não falar de outras áreas, como o saneamento básico, apesar do seu pouco tempo de independência e dos seus poucos recursos minerais (quando os têm).
Já agora, uma pergunta: na África subsaariana, em termos de produção de petróleo, Angola lidera a lista.
Este e outros factos já se reflectem no sector social, particularmente na educação? Pensemos a respeito.
Continuemos.
Os ministérios responsáveis pela educação em Angola fazem-nos pensar, pelas políticas disfuncionais que constantemente apresentam, que ainda não compreenderam que a educação é a coluna vertebral de qualquer país que pretenda desenvolver ou queira alcançar as dimensões elencadas no primeiro parágrafo desta nossa reflexão.
Estamos a brincar de educação, prova disso é, entre outras, o desprezo com que o Ministério da Educação trata/tratou da greve dos professores, acto que teve início no dia 21 de Novembro de 2022, bem como o baixo valor que o OGE reserva, particularmente, para aquela área.
São dados lastimáveis, pois (i) não reflectem o potencial económico de Angola e (ii) traduzem as incontáveis falhas que há no Sistema de Educação Angolano.
Existem vários indicadores, alguns dos quais já foram mencionados acima, que nos levam a afirmar que não há, em Angola, sintonia entre a educação e os ministérios a ela ligados.
Aqui, estas áreas são antagónicas, anulam-se, seguem linhas paralelas, quando devia ser o inverso.
No final das contas, as infinitas deficiências visíveis nas instituições do país denunciam os problemas que gravitam em torno do Sistema de Educação.
Ou seja, se, por lado, não apostar no sector educativo mutila, como se viu no parágrafo acima, todo o Sistema de Educação, por outro lado, um Sistema de Educação mutilado polui, inevitavelmente, todas as instituições do país, o que inviabiliza o desenvolvimento.
Está tudo conectado.
Portanto, os responsáveis pelas políticas educativas em Angola devem abrir os olhos, precisam de perceber que nenhum país se desenvolve havendo nele um sistema de educação mutilado, estéril, enferrujado, ultrapassado, alienante e corrompido pelos ideais imperialistas.
Por: FAMOROSO JOSÉ