Líder venezuelano afirmou que navios que transportavam o tradicional pernil de porco natalício foram objecto de sabotagem portuguesa. Mas não concretizou como.
Na consoada natalícia, o bacalhau está para Portugal como o pernil de porco para a Venezuela. Este ano, perante a falta de alimentos naquele país, o Presidente Nicolás Maduro prometeu que o tradicional pernil não faltaria nas mesas venezuelanas. Incapaz de cumprir a promessa feita, Nicolás Maduro apontou Portugal como responsável. “Com a entrega do pernil, fomos sabotados. Um país em particular, Portugal.
Porque nós comprámos todo o pernil que havia na Venezuela, mas precisávamos de comprar fora para preencher todas as necessidades e sabotaram-nos a compra do pernil”, disse Nicolás Maduro citado pelo jornal venezuelano El Nacional. “Fiz um plano, que cumprimos, mas sabotaram-nos o pernil. Os barcos que os traziam foram sabotados “, garantiu o Presidente venezuelano, sem nunca concretizar em que consistiriam os alegados actos de sabotagem. O pernil seria oferecido à população pelo Presidente e distribuído através dos Comités Locais de Abastecimento e Produção, mas as peças de carne nunca chegaram a estes organismo.
Justificando o ocorrido, o Presidente Maduro apontou o dedo a Portugal. Mesmo que os navios tivessem chegado, aparentemente a promessa de pernil para os venezuelanos estaria sempre condenada ao falhanço já que, segundo disse o chefe de Estado, diversos países bloquearam as contas bancárias que seriam usadas para saldar os pagamentos. “O governo português não tem, seguramente, esse poder de sabotar pernil de porco”, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, esta manhã à TSF.
“Nós vivemos numa economia de mercado. As exportações competem às empresas”, acrescentou, dizendo que iria questionar a embaixada portuguesa na Venezuela acerca deste caso, mas repetindo que “obviamente não há aqui nenhuma interferência política, o governo português não interfere no pernil de porco “. Questionado sobre a possibilidade de chamar o embaixador da Venezuela, Augusto Santos Silva afirmou: “Primeiro vamos apurar os factos e depois tiraremos as conclusões”.