O clima de tensão voltou a elevar-se entre os irmãos da FNLA, na província do Uíge, tudo por causa de alegadas irregularidades na assembleia electiva que levou o correligionário Pedro Almeida à liderança do partido nas terras do bago-vermelho
Poucos dias depois da realização da assembleia electiva (29 de Dezembro de 2022), que elegeu o partidário Pedro Almeida, com mais de 90 por cento dos votos, para secretário provincial da FNLA na província do Uíge, dois dos “concorrentes derrotados” decidiram impugnar o acto por suspeitas de “irregularidades graves” no processo. O caos instalou-se e a decisão da validação, ou não, do conclave está agora nas mãos de Nimi Ya Nsimbi, presidente do partido, cuja proeza foi “reunificar” o movimento fundado pelo nacionalista Holden Roberto, que durante 20 anos esteve mergulhado numa profunda crise, e dividido em duas alas.
Ao jornal OPAÍS, Jeovete de Souza, membro do comité nacional da FNLA assegurou que a direcção do partido está já no encalço da situação e vai, em tempo útil, constituir uma equipa multi-disciplinar para averiguar se as alegações de irregularidades graves têm ou não fundamento para nos próximos dias pronunciar-se sobre a decisão final. De acordo com a fonte que vimos citando, a assembleia electiva do Uíge decorreu de uma decisão da direcção do partido que visou a eleição de um secretário provincial.
À semelhança desta, as províncias de Malanje e Cuanza-Norte são outras que, até ao final do mês de Fevereiro, do presente ano, deverão realizar assembleias electivas com o mesmo propósito. Jeovete de Souza explicou ainda que estas três províncias encontram-se atrasadas em relação às demais que, depois das eleições gerais de Agosto do ano passado, elegeram os seus representantes.
“Processo de reunificação é irreversível”
Ainda segundo Jeovete de Souza, para o actual timoneiro da Frente Nacional de Libertação de Angola, o processo de pacificação e reunificação da FNLA é irreversível, e as decisões para levar o par- tido a bom porto serão tomadas de comum acordo, para se evitar possíveis quezílias, como aquelas que, ao longo de duas décadas, só ajudaram a denegrir a imagem de um dos maiores movimentos políticos do país. Este desafio, disse Jeovete, relembrando as palavras do seu líder, passa, primeiro, por reunificar o partido em todo o país e, depois, eleger uma única direcção em cada província, capaz de acompanhar a dinâmica desejada, cuja tarefa começou ainda antes do último pleito.
A nível central, referiu, a reunificação da FNLA está feita, pois as estruturas partidárias funcionam, começando pelo Comité Central, a eleição do Bureau Político e o Secretariado. “As alas já estão unificadas em Luanda. Todos os que vocês conhecem, aqueles que aceitaram fazer parte, estão lá. A primeira preocupação da FNLA foi congregar todos os militantes, simpatizantes e amigos, porque o partido estava praticamente desestruturado”, frisou, tendo acrescentado que “então devíamos juntar todas as partes e começarmos a reorganizar. Já nos juntamos e agora estamos a reorganizar. Esse processo é irreversível”, finalizou.