Ontem, pela manhã, uma amiga ligou-me a pedir ajuda para que lhe conseguisse uma audiência com um dos responsáveis da Administração Municipal de Viana ou ainda que lhe pudesse indicar um jornalista para reportar a situação que ocorre na rua em que vive neste município. Contou que, desde que se instalou um mercado à entrada da rua em que vive, quase que não há sossego. O acesso às residências têm sido impossível e aos sobressaltos, principalmente para os que possuem automóveis, sendo que, no último fim de semana, uma parente que se casou não conseguiu sequer chegar à casa.
Trajado de vestido de noiva, a agora nubente teve de sair a pé para chegar aos seus aposentos, sujando inclusive partes da roupa, porque as vendedoras não arredavam o pé, nem mesmo para esta cidadã que vi- via um momento particular da sua vida. O que pode parecer um caso fictício foi- me contado ontem, coincidentemente depois de um grupo de vendedoras ambulantes se terem manifestado defronte ao Governo Provincial de Luanda por casa de supostas más condições de vida e a organização da venda na capital do país. Sem quaisquer esforços, é possível observar que Luanda transformou-se num mercado a céu aberto, o que há muito exigia das autoridades uma accao que visasse a organização da actividade em algumas artérias.
Claro está que a venda, desde os tempos de antanho, com uma economia excessivamente informal, tornou-se na principal fonte de subsistência das famílias, com as mulheres em grande número a liderarem os seus agregados sustentado as famílias a partir desta actividade. Apesar disso, até porque a venda ambulante é legal, há toda a necessidade de as actividades serem exercidas em locais próprios, com segurança e sem a anarquia que se observa em muitos pontos da capital. Claro está que sempre que há manifestações surge a tendência de se apontar unicamente o dedo às autoridades por não terem sido capazes ainda de dar aos angola- nos melhores condições de vida, com um desemprego assustador, mas ainda as- sim é importante que se reconheça os excessos dos vendedores ou vendedoras.
O que se assiste em zonas como as de São Pau- lo, na conhecida Cônego Manuel das Neves, Calemba 2, Kikolo e noutros bairros está longe dos padrões mínimos até mesmo de sanidade. E exigir melhoria neste campo não tem nada a ver com acabar com a venda ambulante, mas sim fazer com que nos orgulhe- mos sempre das nossas mamãs desde que o façam sem a balbúrdia que se observa. E isso tem que ser conseguido, em sintonia com elas, em locais apropriados e seguros, tanto para os vendedores como os compradores.