O exército sudanês denunciou que as suas unidades entraram, ontem, em confronto com o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) em Cartum, no primeiro dia de uma trégua de uma semana patrocinada pelo Sudão do Sul, anunciou a EFE
“As nossas forças entraram hoje [ontem] de madrugada em confronto com os rebeldes que tentaram atacar o comando da Região Militar do Norte de Cartum”, afirmaram as forças armadas num comunicado, acrescentando que houve mortos e feridos nas fileiras das RSF, sem dar mais pormenores.
Em resposta aos ataques, o exército avisou aos cidadãos da capital para “se afastarem dos locais dos confrontos”.
Moradores de Cartum disseram à agência de notícias EFE que este é o “combate mais pesado” desde o início das hostilidades, pois ouviram fortes explosões no Palácio da República e no comando geral do exército no centro de Cartum, além de combates nas ruas da área militar de Cartum Norte.
Por seu lado, os paramilitares afirmaram em comunicado que o exército violou a trégua humanitária ao atacar as suas “unidades e bairros residenciais com artilharia indiscriminadamente e bombardeamentos aéreos”.
“As Forças de Apoio Rápido condenam as acções irresponsáveis dos líderes das forças golpistas e dos extremistas remanescentes do regime defunto ao violarem as tréguas humanitárias declaradas e ao atacarem as nossas forças”, afirmaram os paramilitares numa nota publicada na sua conta oficial da rede social Twitter.
Os novos combates e bombardeamentos ocorrem poucas horas depois de ter entrado em vigor a mais longa pausa humanitária acordada pelas duas partes desde o início do conflito no país, em 15 de Abril, anunciada há dois dias pelo Sudão do Sul, principal mediador do conflito.
Esta trégua tem por objectivo permitir a entrada de ajuda no Sudão, que vive uma catástrofe humanitária segundo a ONU, e a fuga de estrangeiros e cidadãos que ainda se encontram no meio do fogo cruzado.
O Governo sul-sudanês indicou, igualmente, que os dois líderes beligerantes, o chefe do exército, Abdelfatah al Burhan, e o comandante das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido por “Hemedti”, deveriam aproveitar esta semana para nomear os porta-vozes das delegações para as conversações de paz acordadas.
De acordo com a ONU, cerca de 100 mil pessoas já se deslocaram para os países vizinhos devido ao conflito, que causou pelo menos 550 mortos, sendo o Tchad e o Egipto os países que acolheram mais sudaneses.