Como quase sempre, onde entra a política as coisas acabam mais complicadas do que o que se espera. É o que está a acontecer com o processo de constituição de autarquias em Angola. Claro que é impossível afastar a política deste assunto, claro que estamos também a falar de eleições, de leis, de partidos que irão concorrer, etc.
POR: José Kaliengue
É política. Mas não deve ser a política que estamos a assistir neste momento. Ou seja, os políticos deveriam tratar do assunto de outra forma, por enquanto, embora tenha a consciência de que isto é pedir demasiado, enfim. Faltando dois anos para as eleições autárquicas, as primeiras em Angola, o juízo aconselharia a que se educasse o povo sobre o que é, de facto, uma autarquia e sobre a forma como poderá alterar a vida do cidadão na sua relação com os poderes. É preciso dizer que autarquia não é uma espécie de Independência e muito menos a solução para todos os problemas. Só sabendo o que é uma autarquia o povo estará em condições de escolher o candidato certo. Mas não, os políticos já começaram com o arraial, já se chamam de criminosos, etc., com o olho nos municípios onde julgam ter apoio garantido. Sejamos honestos, a UNITA troca a música se souber que os municípios que considera “seus” irão a votos. O MPLA tem dois anos para alterar a tendência de votos nos municípios onde colheu menos nas últimas eleições. E o povo, se não for bem esclarecido, fará uma grande confusão com os termos autarquia, gradualismo, câmara, etc. Num assunto de suma importância, optou-se pela politiquice de sempre. Não demorou.