O Presidente da República, João Lourenço, recebeu, esta Quarta-feira, em audiência, no palácio presidencial, o seu homólogo da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, com quem abordou questões relativas ao processo de segurança e pacificação no Leste desse país vizinho
Os dois estadistas mantiveram um encontro em privado durante algumas horas, numa altura em que Angola prepara as condições para o envio de um contigente militar de apoio às operações de manutenção de paz e asseguramento nas áreas de acantonamento do M23. Félix Tshisekedi regressa a Angola num curto espaço de tempo, depois de ter estado em Luanda, a 18 de Março último.
O encontro entre João Lourenço e Félix Tshisekedi foi domina- do pelos pontos discutidos no mês passado, sobre o acantonamento das forças do M23, de acordo com os entendimentos alcançados no quadro da mediação exercida pelo Chefe de Estado angolano. A mediação angolana do conflito no Leste da República Democrática do Congo (RDC) resultou num acordo de cessar-fogo naquela região, desde 7 de Março deste ano.
Ainda em Março, a Assembleia Nacional de Angola aprovou, por unanimidade, a pedido do Presidente da República, o envio de um contingente de 500 soldados das Forças Armadas Angolanas (FAA) para a RDC.
O efectivo, que deverá permanecer nesse país durante 12 meses, será integrado por um batalhão das FAA e respectivos componentes, bem como meios financeiros avaliados em 11 mil 266 milhões e 872 mil kwanzas, que deverão ser remanejados no quadro do orçamento do sector de Defesa e Segurança.
A missão angolana deve assegurar as áreas de acantonamento dos elementos do M23 e proteger os integrantes do mecanismo Ad Hoc de verificação, na sequência do cessar-fogo entre as tropas governamentais e os rebeldes.
Numa mini-cimeira sobre a paz e segurança na região dos Grandes Lagos, realizada em Addis Abeba, Etiópia, a 17 de Fevereiro de 2023, os Chefes de Estado e de Governo africanos “mandataram” Angola, em coordenação com o ex-Presidente do Quénia, Uhuru Kennyatta, facilitador designado pela Comissão da África Oriental, para manterem contactos com a lide- rança do grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23).
O M23 foi criado em 2012, quando soldados da RDC se revoltaram pela perda do poder do seu líder, Bosco Ntaganda, processado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI)