O Laboratório Central Agro-alimentar de Luanda rejeitou, Segunda-feira, analisar as amostras de fezes humanas que uma quinta agrícola, situada na zona do Benfica, usa como fertilizante para produção de hortícolas.
Em declarações à imprensa, esta Terça-feira, a directora-geral do Laboratório Central Agroalimentar de Luanda, Cleunice da Costa, alegou que a instituição rejeitou analisar as amostras levadas pelo Ministério da Agricultura pelo facto de não ser o foco deste laboratório analisar fezes humanas.
O Laboratório Central Agroalimentar de Luanda, afecto ao Ministério da Agricultura e Florestas, tem a missão de analisar solos agrícolas, bens alimentares nacionais e importados e fertilizantes orgânicos e inorgânicos, visando garantir a segurança dos alimentos para a população e prevenir fraudes. A denúncia do uso de fezes humanas como fertilizante numa quinta de cidadãos de origem chinesa surgiu na semana finda nas redes sociais, emitidas pelos moradores da zona, que incomodados pelo cheiro nauseabundo que propaga, alertaram as autoridades sanitárias.
A propósito da situação, a directora provincial da Agricultura, Maria do Céu, em declarações à TPA, afirmou que vai fazer diligências para apurar a proveniência das fezes encontradas na quinta agrícola e adoptar medidas, tais como o encerramento da actividade desses produtores. Segundo especialistas do sector agrícola e da saúde pública, o recurso a fezes humanas em estado puro, sem nenhuma transformação, no cultivo de bens alimentares pode provocar doenças como a cólera e outras disfunções de fórum gástrico.
Para o naturopata Pascoal Muenho, é necessária uma legislação específica para combater acções do género no país, a partir dos produtores. “Os países que usam fezes humanas para produção de alimentos passam primeiro por uma reciclagem, onde são eliminadas as bactérias antes de serem utilizadas”, esclareceu o especialista.
Entre várias bactérias tóxicas e nocivas à saúde pública, que as fezes humanas contêm, destacase a “Cadaverina” (fórmula química C5H14N2), uma molécula produzida pela hidrólise proteica durante a putrefacção de tecidos orgânicos de corpos em decomposição, de acordo com Pascoal Muenho. A Cadaverina é um dos principais elementos responsáveis pelo odor nauseabundo emitido pelos cadáveres.