Na sequência de uma matéria publicada pelo jornal OPAÍS, sobre a recolha de fetos pelo SPCB em Luanda, o Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa deste órgão do Ministério do Interior fez-nos chegar os dados correspondentes a cinco províncias, enquanto as outras 13 não tenham reportado as suas operações.
Luanda, com 21 casos, Cuando Cubango com cinco, Cabinda com quatro, Huíla com um, e Zaire com dois, fazem um total de 33 fetos deitados no lixo. De acordo com o SPCB, os números podem ser mais altos, por causa do não reporte das outras províncias. Na semana passada, a província de Luanda tinha um registo de 20 casos.
Nesta semana, foi recolhido mais um bebê do sexo feminino, no município de Kilamba Kiaxi, concretamente no rio Cambamba 2. Os números sobre fetos deixa- dos no lixo pelas próprias mães crescem, o que demonstra a falta de humanismo, segundo as lamentações do SPCB, quando, por outro lado, há casais a gastarem dinheiro em tratamentos para terem filhos e outras a arriscarem- se a infiltrar-se em maternidades para roubar crianças.
A prática de deitar bebês é tipificada como crime de homicídio voluntária no nosso ordenamento jurídico. Para a socióloga Josefa Almeida, por exemplo, em declarações recentes ao OPAÍS, entre as principais causas desta prática está a desestruturação das famílias e problemas mentais, tendo descartado o factor pobreza.
“A pobreza não justifica que uma mãe jogue ao lixo o próprio filho”, disse, para depois defender o resgate dos valores familiares. Para ela, a família é o núcleo fundamental, antes mesmo da escola.
POR:José Zangui