Duas semanas depois de ter sido operada, à menina é-lhe dada alta médica e o pai leva-a de volta à casa, onde permaneceram por alguns dias. Ao fim de três dias em casa, ela teve uma recaída, obrigando o pai a recorrer à unidade sanitária mais próxima de casa, tendo ido parar ao Hospital Municipal de Benguela, no bairro do 71.
Nessa unidade, ela é socorrida no sector de atendimento a casos urgentes. Tendo a equipa médica constatado que ela vinha de uma intervenção cirúrgica, decidiu encaminhá-la, tal era o quadro preocupante, para o hospital de onde tudo tinha começado, o HGB. “Ficamos dois dias no banco de urgência de adulto e, dois dias depois, a menina foi à reanimação.
Depois de vinte e cinco dias, entro para ver a menina, encontro o braço danificado e o pé direito também danificado”, explica. Face ao que os seus olhos lhe davam a ver naquele preciso momento, questiona um dos membros da equipa clínica em serviço, nas circunstâncias uma enfermeira, sobre o que, efectivamente, se estaria a passar com a sua filha.
Tal como ele, a enfermeira, achada no local, manifestou-se também interrogada e, naquela altura, não dispunha de respostas de que o pai da menina precisava para lhe sossegar o coração. João Domingos não antevia que a ligação recebida, «empurrando lhe» apressadamente para o Hospital Geral de Benguela, fosse para lhe dar a conhecer de que a sua filha tinha de ser novamente operada, pelo que se perguntava se a primeira não tinha corrido como previsto pela equipa de cirurgiões.
“Eu só recebi uma ligação a dizer ‘pai, aparece, a sua filha vai ao bloco. Vem assinar’. E eu perguntei ‘será que a operação reabriu, vai ao bloco de novo’ e eles disseram ‘sim’”, explica. Insatisfeito, dirigiu uma bateria de questões à equipa clínica de quem procurava obter as respostas da razão de a sua filha ser sujeita a uma intervenção cirúrgica que resultaria, assim sendo, na amputação de parte de um dos seus membros superiores, no caso uma das mãos.
A explicação técnico-médica recebida foi a de que o catete de balão de soro teria criado alguma infecção no braço, daí ter havido a necessidade imperiosa de ela ser amputada. “A mim me disseram que vai ser amputado os dedos”, expõe a alguma imprensa, ao lamentar, agora, o facto de a sua filha ter perdido a capacidade para outros movimentos.
“A menina entrou bem. Saiu e perdeu a fala. Até aqui não fala, está paralítica, não anda, o que ela sabia fazer devidamente”, reclama, acusando o Hospital Geral de Benguela de não lhe estar a prestar assistência médica e medicamentosa.
O pai da menina diz ter ficado cerca de seis meses com a sua filha e que, hoje, em função disso, está desprovido de meios financeiros para adquirir fármacos, uma vez que o estado dela ainda inspira muitos cuidados. Este jornal tentou, sem sucesso, contactar a direcção do Hospital Geral de Benguela.
Um membro da equipa de assessoria de imprensa remeteu o articulista ao doutor Júlio Brito, o responsável pela área de Comunicação Institucional. Até à altura em que expelíamos esta peça, não tínhamos tido qualquer contacto, porquanto o contacto telefónico dele se achava indisponível.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela