A festa da vila foi prestigiada com a presença da governadora de Cabinda, Suzana de Abreu, que ofereceu às cooperativas agrícolas e famílias vulneráveis bens de primeira necessidade e motas de três rodas para apoiar a sua actividade campesina.
À margem das festividades, que comportam várias actividades de índole política, cultural e desportiva, Suzana de Abreu orientou o VII Conselho Provincial.
O município é composto por três comunas (sede, Luáli e Miconje), 9 regedorias, 20 sobados, 25 aldeias e uma população estimada em 24 mil e 507 habitantes, que se dedica sobretudo à agricultura, pesca e à caça.
A agricultura é a principal actividade da população, cuja maioria se dedica na produção da mandioca, banana, amendoim, batata, café, cacau e horticultura.
O sector agrário conta com três programas em acção para apoiar a população local, nomeadamente a Cadeia de Valores Agrícolas, o Combate à Fome e à Pobreza e o Projecto Integrado de Cabinda (PIC).
A organização internacional World Vision assiste os camponeses em termos de créditos agrícolas num universo de aproximadamente três mil e 500 famílias, que beneficiaram do governo enxadas, catanas, limas, machados, motocultivadores, pulverizadores e sementes agrícolas.
O município conta actualmente com 25 cooperativas, 15 associações de camponeses e 18 escolas de campo. O responsável da Estação de Desenvolvimento Agrário (EDA) local, Gaspar Macosso, disse a este jornal que as escolas de campo em Cabinda ainda estão numa fase embrionária comparado com as outras províncias. “Quando atingirem a quarta fase se convertem numa cooperativa agrícola”, esclareceu.
No ano agrícola 2023/2024, o município produziu cerca de 19 mil toneladas de mandioca e 9 mil toneladas de amendoim. Os principais mercados de consumo são o próprio Belize, o município de Cabinda e as Repúblicas dos Congos Brazzaville e Democrático.
Prioridades
O administrador do Belize, Natalício Gomes, elegeu como acções prioritárias a reabilitação das vias secundárias e terciárias do município para permitir o escoamento dos produtos do campo para os mercados de consumo e venda.
Outro desafio é a conclusão das obras de reabilitação e ampliação do hospital municipal, iniciadas há mais de cinco anos, para proporcionar serviços de saúde adequados à população.
A energia e a água, dois factores indispensáveis para o desenvolvimento do Belize, merecem das autoridades atenção especial.
Segundo o responsável do sector, Adilson de Jesus, o fornecimento de energia elétrica e água tratada às populações é estável, estando a sua produção garantida, 24 horas ao dia, por dois grupos geradores e uma central fotovoltaica.
Na comuna do Luáli, disse, o fornecimento de energia eléctrica é assegurado de forma débil por um grupo gerador de 500 kVA que se encontra actualmente avariado, enquanto na comuna de Miconje este serviço é abastecido através de uma mini-hídrica de 270 kVA.
Sete aldeias do corredor do Alto Sundi, comuna de Miconje, beneficiam igualmente de fornecimento de energia eléctrica por meios de grupos geradores, sempre que há combustível.
A maior dificuldade, referiu a fonte, está na deterioração das vias de acesso, uma situação que condiciona, muitas vezes, o abastecimento de combustível aos geradores.
Neste momento, a produção de energia eléctrica para a vila de Belize está cifrada em 2,5 megawatts, prevendo-se como perspectiva, a longo prazo, a montagem de duas centrais térmicas de produção e fornecimento na sede da vila e na localidade do Alto Sundi para abastecer as 28 aldeias dessa área e levar a corrente eléctrica à comuna do Luáli.
No sector da Educação, apesar de haver, neste momento, 376 professores e 182 salas de aulas, o município regista um défice de 182 docentes e 97 salas para fazer face à demanda, num universo de 21 escolas, das quais 14 do ensino primário, cinco complexos do primeiro ciclo, um magistério e um liceu que alberga o primeiro e o segundo ciclos.
De acordo com o secretário da Educação no Belize, Víctor Mafuta, o número reduzido de professores dificulta o processo de ensino e aprendizagem, porque isto obriga a redobrar a carga horária de certos professores, sobretudo os que leccionam nas zonas mais recônditas, que assumem duas ou três classes de forma a ajudar o sector.
Para o presente ano lectivo, o município dispôs de um total de 430 vagas para novos alunos, sendo 48 para o ensino secundário (2.° ciclo) no magistério, 99 vagas para o ensino primário, 20 para Matemática e Física, 78 para Geografia e História, 149 para Biologia e Química, e 36 para o curso de Inglês e Moral e Cívica, para além de 105 vagas para o segundo ciclo geral.
De acordo com o nosso entrevistado, as vagas no ensino primário corresponderam com a expectativa do município, já que, apesar de haver insuficiência de salas, “contamos com salas provisórias para que as crianças não fiquem fora do sistema de ensino”.
Mesmo assim, Víctor Mafuta admitiu ser difícil, durante um ano lectivo, não haver crianças fora do sistema de ensino, tendo em conta a distância entre as escolas e as moradias dos alunos.
“Existe uma norma que orienta que a criança deve percorrer no mínimo três quilómetros para ter acesso a uma escola, mas, em contrapartida, temos aldeias que distam 7 a 10 quilómetros da escola, isto obriga que as crianças da iniciação e da primeira classe estejam fora do sistema de ensino”.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda