O Hospital Provincial Sanatório do Cuanza-Norte atende diariamente de 70 a 90 pacientes, anunciou ontem, em Ndalatando, o director provincial daquela unidade hospitalar, José Capita
Em declarações à imprensa, o responsável salientou que neste momento encontram-se sob tutela do hospital 16 doentes internados, sendo doze do sexo masculino e quatro do sexo feminino.
Referiu que, além dos casos de tuberculose, a unidade hospitalar trata também de doenças como a malária, febre tifóide e doenças diarreicas agudas, sendo esta com maior número de casos as crianças.
De janeiro até o mês de março, explicou, o hospital confirmou 67 casos, dos quais 6 com infecção por tuberculose e HIV.
Nesta senda, disse que os doentes que acorrem à unidade não são apenas os populares do CuanzaNorte, tendo indicado as províncias de Malanje, Icolo e Bengo, Uíge e Cuanza-Sul.
Quanto aos casos dos pacientes com tuberculose e HIV, José Capita explicou que existe uma dificuldade na aquisição de retrovirais, uma vez que são distribuídos pelo programa da luta contra o SIDA.
O hospital, nos anos anteriores, registou uma taxa de abandono por conta das situações menos boas que registava, como é o caso da alimentação e da falta de medicamentos.
Nesta ocasião, considerou que estes problemas ficaram ultrapassados com o empenho e dedicação do actual governador provincial que disponibilizou um orçamento específico para a unidade.
Questionado sobre a falta de medicamentos, José Capita esclareceu que não existe falta de medicamentos. “Não nos faltam medicamentos para doentes internados, mas temos dificuldades com doentes em regime ambulatório numa altura em que temos cerca de mil 600 doentes nesta situação”, assegurou.
Quanto aos casos de óbitos, esclareceu que são causados maioritariamente por falta de alimentação adequada.
Por outro lado, acrescentou, esta situação ficou ultrapassada em função do orçamento designado ao hospital. Adicionalmente, explicou que em 2023 o hospital registou 73 casos de óbitos e houve uma redução
significativa no ano de 2024 com 33 casos de óbitos e no ano de 2025, no período de janeiro a março, o hospital registou 6 óbitos.
Utentes falam sobre o tratamento
Apesar do tratamento humanizado relatado pelos utentes ouvidos pela nossa reportagem, o problema de abandono familiar também é uma preocupação, segundo contam.
Pacientes
De acordo com Matias Diogo, internado há duas semanas, desde que chegou à unidade sanitária não recebe visita dos seus familiares. “Estou internado há duas semanas.
A alimentação é três vezes por dia, mas nunca fui visitado”, contou. Já Isabel Paulo, que começou por recomendar outras pessoas a frequentarem a unidade sanitária, disse estar bem apesar de não ver a sua família. “Estou bem, estão a atender-me bem, mas aguardo a visita dos meus familiares”, ressaltou.
Por seu turno, Joaquim Gouveia começou por aconselhar os jovens a não usarem drogas, por ser esta a principal causa da doença. “Aos jovens, eu peço para não fumar, drogar-se e usar o tabaco, porque é a causa que me levou aqui”, concluiu.
Especificidades da unidade sanitária
O Hospital Provincial Sanatório do Cuanza-Norte, localizado em Ndalatando, existe há 10 anos, conta com uma farmácia, enfermaria, banco de urgência, laboratório e serviços de internamento, oito médicos para atender doentes, 67 técnicos de enfermagem, 17 técnicos de diagnóstico e terapêutica e cerca de 20 funcionários para o apoio hospitalar.