A falta de organização por parte das empresas operadoras do sector, a inexistência de paragens definidas e a programação de horários, bem como o excesso de lotação, são apontados por alguns interlocutores deste jornal, como as principais barreiras para a eficácia deste processo, que é apontado pelas empresas como o elemento fundamental para o controlo da sua tesouraria.
Assim, com a retirada do dinheiro físico no processo de pagamento dos serviços de transportes público em todo o país, troca de Bilhete de passagem, denominado “Gira Mais” teve o seu início no passado dia 15 do mês e ano em curso, particularmente nas províncias de Luanda, Benguela, Huambo e Huíla.
Na província da Huíla, concretamente no município do Lubango, o processo que numa primeira fase está a ser executado apenas na rota Centralidade da Quilemba, estátua da Liberdade, o processo está a ser encarado com algum cepticismo da parte dos utentes, que apontam para vários factores como tese.
Entre os factores apontados pelos munícipes que falaram à nossa reportagem, o destaque recai para a falta de organização das operadoras e a ineficiência das equipas de fiscalização do Gabinete Provincial dos Transportes Tráfego e Mobilidade Urbana, do Governo Provincial da Huíla.
Evaristo Caluvi disse que a medida que já vigora de forma híbrida na cidade do Lubango, desde Quarta-feira passada, tem vantagens o processo, mais para as operadoras do que para os passageiros, olhando para a actual realidade.
“Quanto aos benefícios é uma mais-valia para os utentes, pois que ajudaria em prevenir nas faltas de dinheiro sempre que os utentes quisessem utilizar os serviços. Mas, no fundo no fundo, essa implementação não veio para beneficiar os utentes como tal, essa é uma forma que as entidades patronais encontraram para protegerem os seus dinheiros, porque temos notado uma falta de fidelidade dos trabalhadores para com os seus patrões, uma vez que estes trabalhadores os têm enganado ao fazerem passar os utentes pela porta de trás e não pela catraca.
A iniciativa é boa, mas requer muito mais organização por parte dos tais empresários, porque até agora uns levam com cartão e outros, deviam organizar-se de forma unânime para facilitar os utentes, se- não, estarão a prejudicar mais do que a nos ajudar”, avançou.
O excesso de lotação e a inexistência de paragens definidas é igual- mente apontado pelos citadinos do Lubango, ao afirmam ser necessário colmatar tal lacuna, sob pena de os utentes dos serviços públicos não aderirem aos cartãos por falta de dignidade.
António Lussati, morador da Centralidade da Quilemba, arredores da cidade do Lubango, disse que a continuar conforme está, os cidadãos poderão não aderir aos serviços, por falta de respeitos aos seus direitos como consumidores, praticada pelos funcionários dos auto- carros que circulam naquela rota.
“É uma boa medida para as empresas, porque desta forma elas poderão ter maior domínio das receitas que arrecada com os serviços prestados.
Na verdade, nota-se que os gerentes destes meios fecham as catracas para poder levar algum dinheiro não controlado, mas para nós utentes destes serviços, ainda tenho algumas dúvidas, porque eles nunca cumprem horários, por exemplo, não se sabe quanto tempo uma pessoa fica numa paragem à espera do autocarro e muito menos saberá se haverá lugar ou não para que a viagem seja confortável, porque do jeito que eles carregam, sinceramente, só mesmo Deus para cuidar, porque se acontece uma fatalidade, será uma tragédia”, salientou.
Por seu lado, Francisco Cândido, um dos utentes dos transportes público na cidade do Lubango, defende que haja mais eficácia nas equipas de fiscalização, para garantir o cumprimento das normas estabelecidas.
Cecília Mutelela, estudante, apela as empresas operadoras, para que cumpram com as normas estabelecidas entre estas e a Direcção dos Transportes no momento da celebração dos contratos, para que sejam respeitados os direitos dos utentes.
Metade das operadoras multadas por incumprimento de horários O director em exercício do Gabinete dos Transportes Tráfego e Mobilidade Urbana, Elizeu Fidelino, disse que a província da Huíla preparou-se para que a transição do processo seja feita de forma ordeira e sem prejuízo aos utentes, com a criação de brigadas móveis que ainda trabalham na emissão dos cartões Gira Mais.
Segundo disse, até ao momento, já foram emitidos em toda província da Huíla mais de 30 mil cartões, sendo que muitos ainda estão por ser levantados pelos seus utentes. Relativamente às paragens reclamadas pelos utentes, Elizeu Fidelino explicou que existem sim, e estão sinalizadas, tendo admitido que há de facto operadoras que violam com frequência as mesmas, deixando os seus utentes constrangidos.
“Sem revelar o valor arrecado pelo Gabinete Provincial dos Transportes Tráfego e Mobilidade Urbana, o director em exercício informou que mais da metade das empresas já foram multadas por incumprimento de horários e das paragens definidas.
Intervenção da Polícia de Trânsito Se de um lado os utentes dos transportes Públicos na cidade do Lubango defendem uma fiscalização mais efectiva, do outro, há quem solicita a intervenção da Polícia de Trânsito, que por lei tem a obrigação de fiscalizar o trânsito rodoviário.
Mária Margarida, que trabalha numa das escolas da nova urbanidade do município do Lubango, questiona a dualidade de critérios da parte dos fiscalizadores do trânsito, durante o seu trabalho.
“É frequente ver os azuis e branco a ser interpelados pelos agentes reguladores de trânsito e multados por excesso de lotação, mas desde que vivo na Centralidade da Quilemba, nunca vi um autocarro parado, mesmo solicitando eles (Polícia de Trânsito) nunca intervêm, os autocarros também excedem”, desabafou.
Pedro Agostinho apela que a Policia de Trânsito, intensifique a sua fiscalização, tendo em conta o número de passageiros que cada autocarro leva, para que se possa evitar fatalidades durante o dia de trabalho.
POR:João Katombela, na Huíla