Inicialmente, a família alegava que tinha sido negada a administração de uma vacina para conter o vírus da raiva no corpo da menina, de 6 anos, porque, alegadamente, nos termos de um protocolo da Saúde, uma ampola não devia ser administrada a apenas uma pessoa, mas sim a 15.
Em declarações à imprensa, recentemente, o director da Saúde, médico Manuel Cabinda, descartou a existência de tal protocolo de que se tenha falado, assegurando que o inquérito já está concluído e, a posteriori, assistir-se-ão às responsabilizações, no âmbito do aludido processo.
“Não existe nenhum protocolo desta natureza. Por isso é que esta situação pontual que aconteceu abriu-se um inquérito para as responsabilizações disciplinares e criminais – se houver um processo-crime.
O inquérito já foi concluído e enviado às diferentes instituições que agora vão fazer o apuramento desta informação”, salienta. Face ao ocorrido, o responsável deixa claro que não existe nenhuma orientação de que toda pessoa mordida por um cão e, por conseguinte, elegível para a vacinação não se lhe deve ser administrada. “Deve, sim, ser vacinada. E nós temos vacinas suficientes para responder”, acentua.
Ruptura de stock
Nesta perspectiva, Manuel Cabinda desmente informações postas a circular de que a província de Benguela teria ruptura de stock de vacina anti-rábica, tendo esclarecido, assim sendo, que numa primeira linha de actuação, no combate à raiva, vêm, em primeiro lugar, os serviços veterinários, porque os animais têm de estar vacinados.
Em caso de falha e um animal ter desenvolvido a raiva e acabe por morder uma determinada pessoa – explica – aí, sim, entram em acção os serviços de saúde para a cobertura a essa manifesta ruptura.
“Portanto, e, neste momento, nós temos stocks suficientes a nível da província. Não são enviadas em muitas quantidades para os municípios, porque primeiro não é para um programa, digamos, de campanha, é para um programa de atenção a situações pontuais e é, neste sentido, que os municípios têm um stock mínimo. Sempre que necessário, quando têm baixa de stock, solicitam a nível da província”, sustenta.
PGR abre inquérito
Tal como o sector da Saúde, conforme levantamento feito por este jornal, a Procuradoriageral da República, em Benguela, abriu um inquérito, por ter visto crime nas alegações apresentadas pela família, entretanto viralizadas nas redes sociais, em Novembro de 2024.
Benguela ensaia modelo de COVID para evitar contágio de tuberculose
Por outro lado, o director da Saúde assegura aquilo a que chama de trabalho vasto, resumido, essencialmente, em acções comunitárias, visando inverter um quadro de tuberculose que, até então, preocupava.
Esse «esforço», segundo Cabinda, permitiu criar a figura do agente comunitário, que serve de elo entre a unidade sanitária e a comunidade, auxiliando, deste modo, os profissionais de saúde no tratamento da doença.
“São eles que levam a medicação até à residência dos pacientes e acompanham todo o tratamento para evitar o abandono da medicação. Por outro lado, estes mesmos agentes estão a ajudar no processo da profilaxia, fundamentalmente nos contactos do doente com tuberculose”, garante, sem se referir a números relativos à doença.
Cabinda assegura que, à semelhança do que ocorreu no processo da COVID, estão a ser desenvolvidas, a nível da tuberculose, acções profiláticas, a fim de evitar contágios.
O responsável nota que, neste momento, não há problemas de medicamentos, porquanto, no âmbito da subvenção que se tem por parte do Fundo Global, todas as unidades estão cobertas.
“O que posso dizer é que os casos da tuberculose já estão a conhecer uma regressão. Também houve uma redução significativa do abandono dos doentes ao tratamento da doença e também dizer que melhoramos muito a nossa capacidade de diagnóstico. Hoje, a província de Benguela já faz o diagnóstico em todas as unidades hospitalares”, sinaliza o director do Gabinete Provincial da Saúde.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela