Há ouro na província do Bengo. No mês passado, forças de defesa e segurança, polícia, militares e Serviço de Investigação Criminal desenvolveram uma operação nesta província, que se chamou “Fio de Ouro”, que visou desmantelar a rede de garimpeiros que se dedicava à exploração ilegal de ouro.
Na operação, 121 pessoas foram detidas, inclusive entidade tradicionais que davam as suas lavras para a prática do garimpo. Foram ainda aprendidos diversos materiais usados na actividade, como máquinas escavadoras e geradores eléctricos, lanterna e muitos gramas de ouro.
O administrador do município de Nambuangongo, José Muginga, acusa cidadãos da República do Congo de serem os incentivadores desta prática. Segundo aquele dirigente, são estes cidadãos que, na condição de patrocinadores, compram os materiais e entregam à população local, para além de aliciarem os sobas com dinheiro e bebida alcoólica.
Como troca, os gramas de ouro conseguidos são vendidos aos patrocinadores. O coronel Sukete Cruz, que fez parte da operação “Fio de Ouro”, confirma que fizeram disparos para dispersar os garimpeiros, mas desmente informações segundo as quais houve mortes.
“Não houve mortes, a missão visou apenas cumprir uma ordem do Estado de desmantelar a prática da exploração ilegal”, disse, acrescentando que no garimpo pode ter havido mortes, não por disparos, mas porque a 300 metros da área de exploração há uma zona de minas explosivas.
Mina está catalogada desde o tempo colonial
Segundo informações oficiais, a mina em questão, no município de Nambuangongo, já está catalogada desde o tempo colonial e até sinalizada. Depois da remoção das minas, o governo local, segundo o administrador municipal, pretende passar licenças para exploração legal às empresas interessadas. José Muginga lançou um apelo aos investidores para que obtenham as licenças necessárias e explorem a área legalmente, de modo que contribuam para o desenvolvimento da região.
A operação “Fio de Ouro” tirou as dúvidas de quem ainda não acreditava na existência deste minério em Nambuangongo. A mesma causou grande repercussão na região e ainda é assunto de conversa entre quem sobreviveu à operação. Essa realidade foi também retratada por António Domingos, cidadão nacional que esteve neste negócio.
Este garimpeiro contou ainda que só não foi detido porque no dia da operação teve de atirar-se num rio para, três dias depois, se safar numa aldeia, até escalar a cidade de Caxito. “Mesmo depois da operação “Fio de Ouro”, há pessoas a voltarem no garimpo, na aldeia de Zala, agora na calada da noite”, denunciou o administrador municipal.
Aliás, António Domingos, apesar de quase ter perdido a vida, manifestou a intenção de voltar à mina, caso encontre um patrocinador. A comuna de Zala está situada no município de Nambuangongo e dista cerca de 160 quilómetros de Caxito, a capital da província do Bengo. Enfrenta graves carências em termos de infra-estruturas e serviços básicos. Aliás, há uma música do grupo “Vozes do Nambua”, cuja letra é “Nambuangongo fica longe”
POR:José Zangui