A encarregada de educação Maria Catarina, que tem um projecto filantrópico para crianças especiais, para além de ter dois netos autistas, disse que a sociedade angolana ainda não domina esta área de trabalho com crianças especiais, pelo que muitos cidadãos estrangeiros chegam no nosso país e montam um determinado estabelecimento para suprir a demanda.
Alguns, mesmo não estando preparados, segundo a entrevistada, dizem ser técnicos ou especialistas na área, mas na verdade não o são, “apenas determinam preços altos, e muitos pais não conseguem fazer. Os preços variam de 200 a 400 mil kz por sessão terapêutica”, disse.
As famílias com crianças com cuidados especiais passam muitas dificuldades, segundo Maria, e, por conta disso, muitos procuram quimbandeiros – onde acabam por lhes dizer que o menor é o culpado dos maus acontecimentos.
Assim, muitas crianças são escondidas do meio social, para além de que algumas pessoas na sociedade não olham bem os cidadãos especiais. Por outra, as mães ou famílias que têm filhos com necessidades especiais deixam de fazer muitas coisas para cuidar da criança, inclusive deixar de trabalhar, como aconteceu com dona Maria.
Outra situação que se depara com frequência é de mães com crianças com cuidados especiais que são abandonadas pelos esposos. Maria Catarina referiu que actualmente se regista muita criança com autismo, situação preocupante, e enquanto não for diagnosticado, os pais ficam sem saber do que se trata e começam a olhar a criança com indiferença.