A Missa de acção de graças dos 40 anos da vida diocesana foi celebrada domingo, na Paróquia Nossa Senhora Rainha do Mundo, na cidade de Cabinda, pelo bispo local, Dom Belmiro Tchissengueti.
Na celebração eucarística, o bispo de Cabinda defendeu ser necessário olhar com gratidão, durante os 40 anos, àqueles que há muitos anos lançaram a semente do Evangelho, sobretudo os missionários do Espírito Santo e das Irmãs de São José de Cluny que, na segunda evangelização, expandiram com dedicação e amor a palavra de Deus nessas paragens.
A palavra de apresso do bispo foi igualmente dedicado aos sacerdotes que nasceram em Cabinda e os que aqui fizeram seu campo de missão e que ao longo da caminhada deram o melhor de si para fazer transparecer para todos o verdadeiro rosto de Cristo.
Para os que abraçaram a fé e que se tornaram verdadeiras autoridades do anúncio da palavra de Deus em muitos pontos do mundo, Belmiro Tchissengueti destacou os bispos que nasceram em Cabinda, nomeadamente D. Eduardo André Muaca, Manuel Franklin da Costa, Próspero de Ascensão Puati, Paulino Fernandes Madeca e D. Damião António Franklin.
“Estes souberam testemunhar aquilo que aprenderam na raiz da sua fé: ‘amar a Deus sobre todas coisas e ao próximo como a si mesmo’ “. O bispo de Cabinda destacou também o papel importante desempenhado pelos catequistas, as religiosas, os benfeitores, as igrejas irmãs que têm ajudado a difundir o verdadeiro rosto de Cristo e a palavra de Deus, criticando aquelas igrejas que exploram os infelizes prometendo-lhes milagres que nunca existem, senão a manipulação dos seus bolsos.
Crise na diocese
O momento mais triste da Igreja Católica em Cabinda foi marca- do pela crise criada aquando da nomeação de D. Filomeno Vieira Dias para bispo dessa diocese. Houve contestação dos cristãos pela sua nomeação. A Igreja dividiu-se. Os que comungavam com o bispo ficaram.
Outras saíram e criaram a comunidade Lubundunu. Outros ainda foram para a Igreja Católica das Américas, criada pelo malogrado padre Jorge Casimiro Congo. Segundo D. Belmiro Tchissengueti, não se pode silenciar neste caminho dos 40 anos a vergonha diante do Senhor e de todos os homens e mulheres aquele tempo de crise em que fruto de incompreensões, que poderiam ser facilmente ultrapassadas, da confusão entre a política e a fé e, fruto de ambições desmedidas “destoamos o rosto de Cristo, mergulhando a nossa Igreja numa crise que a todos nós envergonha.”
Perplexo com a situação, o prelado se interroga como “somos chamados ministros do Evangelho e comunicadores da fé e do amor quando chegámos ao limite de nos rejeitamos a nós próprios e manifestamos que houve naquele momento um apagão no horizonte da nossa esperança.”
Para o bispo de Cabinda, a crise é também um momento de prova e de oportunidade para limpar os olhos e encarar de uma maneira diferente o caminho. “Por isso, agradecemos aqueles que depois da crise limpam as cinzas e reassumem a caminhada e colocam-se no lugar certo da sua acção”, sublinhou.
Neste sentido, Belmiro Tchissengueti agradece a todos aqueles que voltaram à casa, reconhecendo a fraqueza do seu erro e assumindo que só Deus basta e que “juntos somos poucos para construir a Igreja que é de todos e para todos.” “Na nossa renovação da fé dos 40 anos, fazemos o propósito de nunca mais repetir as atitudes nem voltar para trás”, referiu.
Novos padres
O momento mais alto da cerimónia eucarística foi a consagração à vida sacerdotal dos candidatos a padre Paulino Vulo, José Bili e António Mafuca, enquanto para diáconos foram designados Joaquim Lelo e Alberto Duete. Aos novos padres e diáconos, D. Tchissengueti deixou a seguinte mensagem:
“Os passos que dês hoje são passos livres, porque ninguém vos obrigou ao sacerdócio, e se alguém se sentir obrigado vai a tempo de ir embora.” Para D. Belmiro Tchissengueti, as opções para o sacerdócio não são obrigatórias, tal como ninguém é obrigado a casar com ninguém, as- sim também ninguém é obrigado a ser ordenado sacerdote.
Segundo disse, o sacerdócio é um acto de vontade em que a Igreja prepara por mais de dez anos aqueles que, por meio da oração, do estudo e do trabalho, possam fazer o discernimento daquilo que pretendem para a sua vida. “Se você encontrar por aí um padre frustrado, não é por culpa da Igreja, que o frustrou, é por culpa dele próprio”, frisou.
De acordo com o bispo da Diocese de Cabinda, o Senhor dá tempo e oportunidade para poder escolher e “quando escolhemos o sacerdócio estamos conscientes de que não vamos para lá para satisfazer as nossas necessidades nem as nossas vontades e o momento mais alto da consagração é a promessa da obediência.”
POR:Alberto Coelho, em Cabinda