Um cidadão de 49 anos, residente no município de Viana, bairro do Miru, está a ser acusado de ter violado a filha do vizinho, menor de quatro anos de idade. Segundo conta uma vizinha presente no dia do ocorrido, a acção foi frustrada quando a filha mais velha do mesmo deparou-se com o pai despido no quarto com a criança
Na esperança de ver a justiça ser feita, abalado, Alexandre João, pai da vítima, recorreu à Polícia Nacional, depois de ter sido informado, assim que chegou a casa. O apelo foi correspondido e o acusado foi levado à esquadra do Mirú para responder pelo acto.
Ao chegar à esquadra, Alexandre João foi informado de que o suposto violador não podia ser detido ou mantido em esquadra por este sofrer de anomalias cerebrais. Pelo que conta o pai da menina e também taxista de profissão, a sua família não teve acesso a relatórios médicos que comprovassem o estado anormal do indivíduo.
O crime, por sua vez, ocorreu a 9 de Janeiro do ano em curso, quando a menor se encontrava em casa a brincar no quintal com outras crianças. O acusado, ao ver a menina através da janela do quarto que dá acesso à casa da vítima, pediu que uma das crianças ajudasse a fazer passar a rapariga pela janela do quarto.
Ao ter a menina no quarto, esta começou a chorar, o que chamou a atenção dos demais membros da família que, tão logo ouviram os gritos da mesma, procuraram saber do que se tratava ou de onde vinha o som. A filha mais velha do acusado dirigiu-se ao quarto do pai e lá encontrou o pai despido a introduzir o seu órgão genital na boca da criança.
A cena constrangeu a testemunha que chamou a mãe para explicar o ocorrido. Entretanto, a mãe da peque- na afirma que foi chamada pela esposa do cidadão para que lhe fosse esclarecido o que realmen- te aconteceu. “Ela disse-me que estava muito decepcionada e não sabia o que dizer ou o porquê de seu esposo ter feito aquilo”, disse a mãe.
Os testes feitos à menor não constataram qualquer tipo de doença transmitida sexualmente. “Nós não sabemos o que teria acontecido ou o que ele seria capaz de fazer se a barbaridade não tivesse sido descoberta cedo”, atira a tia da vítima.
Depois do ocorrido, a família afirma que sempre que visse o indivíduo, a menor entrava em pânico e corria para os braços do pai ou da mãe com medo, razão pela qual a tia a acolheu em sua casa, longe dos pais. No entanto, a família teme que isso volte a acontecer com outra criança no bairro.
Morosidade no processo
A tentativa de violação ocorreu em Janeiro, mas a família afirma que até então o acusado se encontra em liberdade e a exercer normalmente as funções, tudo porque, para além da justificativa de que o suposto violador sofre de distúrbios mentais, a Polícia não tem dado uma resposta convincente ao caso.
“Lá na esquadra, disseram que o processo leva o seu tempo, não é algo tão rápido e por isso até hoje não há ainda uma conclusão”, diz a mãe. Alexandre João lamenta o facto de estar sempre a ir para a esquadra para ver a resolução do caso, mas afirma que a Polícia tem feito com que o processo demore meses e desconfia do facto de este órgão de ordem pública estar a favorecer um lado por alegada influência.
O pai diz que certos dias tem de interromper a sua actividade laboral para ter mais informações do caso na esquadra, mas não tem tido sucesso. A morosidade do processo envolveu, também, uma tentati- va de burla de alguém que terá garantido à tia da vítima que o processo já tinha sido concluído, quando na realidade, tal como foi dito pela inspectora responsável pelo caso, era alguém a tentar burlar a família.
O burlador chegou até a cobrar 74 mil kwanzas à tia pela resolução de um caso que dura mais de dois meses. Face a esta situação, Alexan- dre assevera que a sua família mostrou vontade de fazer justiça com mãos próprias, mas ele pre- feriu que as coisas se resolvessem dentro dos trâmites legais, para que não surgissem outras situa- ções caóticas e por isso foi o responsável por acalmar a família.
O nosso jornal tentou entrar em contacto com a família do acusado, que se mostrou indisponí- vel para prestar qualquer depoimento. No entanto, o filho mais velho disponibilizou-se a entre- gar o seu contacto telefónico para que, no dia seguinte, pudesse falar com o jornalista. O jornalista, por seu turno, não viu serem atendidas as chamadas feitas ao jovem, o que não permitiu que a outra parte contasse a sua versão dos factos.