Segundo Carla Fernandes, bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários de Angola, a raiva continua a representar uma preocupação significativa para a saúde pública e a segurança animal, e a luta para a erradicação não passa apenas pela vacinação.
De acordo com a responsável, nos países em desenvolvimento, a profilaxia contra a raiva enfrenta barreiras significativas.
A falta de infra-estrutura, o baixo nível de conscientização da população e a escassez de vacinas acessíveis são alguns dos factores que dificultam o combate efectivo à doença.
“Em Angola, por exemplo, as campanhas de vacinação e controlo da população canina nem sempre alcançam todas as regiões, principalmente as áreas rurais, onde os recursos são ainda mais limitados”.
Além da vacinação, avança, é necessário um esforço entre as autoridades de saúde pública, médicos veterinários e organizações internacionais para implementar programas de educação que esclareçam sobre os riscos da raiva e como evitar essa doença, sendo que os governos locais devem assumir um compromisso mais sólido na aplicação de estratégias aliadas à Aliança Global para o Controle da Raiva.
Carla Fernandes aponta que o controlo da raiva em países em desenvolvimento passa por desafios que exigem mais do que campanhas pontuais, sendo necessária uma abordagem integrada que combine prevenção, educação e a construção de uma rede eficiente de vigilância epidemiológica capaz de detectar rapidamente novos casos e responder com acções preventivas.
“Temos de reforçar a conscientização contínua, pois, enquanto a raiva persistir, a vida de milhões de pessoas e animais continuará em risco.
Em países como Angola, onde o desenvolvimento enfrenta diversas frentes de batalha, o combate à raiva deve ser uma prioridade no campo da saúde pública e veterinária.
A erradicação da doença é possível, mas depende de um esforço global e local para que isso se torne uma realidade”, disse.
Nesse cenário, a responsável destaca o papel dos médicos veterinários como fundamental, uma vez que são os profissionais que actuam na linha da frente garantindo a vacinação e promovendo campanhas de sensibilização sobre a raiva.
“A responsabilidade dos médicos veterinários vai além da aplicação de vacinas, eles são os principais agentes na prevenção e no controlo de surtos, monitorando a saúde animal e, consequentemente, a saúde pública.
Além disso, esses profissionais realizam investigações epidemiológicas e diagnósticos precisos que auxiliam na detecção precoce e na resposta rápida aos casos de raiva”, sublinhou.
O Dia Mundial da Raiva é uma data promovida pela Aliança para o Controlo da Raiva (ARC), visa conscientizar a população sobre a importância da vacinação de animais domésticos, em especial cães e gatos, que são os principais transmissores do vírus para os humanos.
A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a raiva, protegendo não só os animais, mas também as comunidades.