O secretario provincial da Energia e Águas em Cabinda, Rafael Paca, garante que, através desse projecto, esta província deverá receber cerca de 300 megawatts de energia da rede nacional de electricidade para o seu consumo.
O projecto contempla a construção de dois circuitos de 220 quilowatts que interligarão a subestação de Soyo, que dispõe de capacidade suficiente de escoar 300 megawatts de potência de energia eléctrica para a província de Cabinda por meio de cabos submarinos.
Segundo o governante, o mesmo será executado em três fases distintas, nomeadamente o alargamento da subestação do ciclo combinado do Soyo, a construção dos cabos submarinos numa extensão de 120 quilómetros, bem como a construção da subestação de 220/60 MW na aldeia da Fortaleza, a sul da cidade de Cabinda.
“O objectivo do Ministério da Energia e Águas é interligar Cabinda à rede nacional de electricidade, e, caso isso aconteça, já não teremos muitos problemas de black out [quebra] ou dificuldades quer na produção quer na rede de transporte e distribuição”, frisou.
Esta é uma potência notável e considerável que há-de atrair mais investimentos na província e proporcionar emprego à juventude para que esta possa responder às necessidades subjacentes à plataforma económica da região.
Neste momento, de acordo com a nossa fonte, a província de Cabinda dispõe de uma capacidade instalada de 198 megawatts, mas o objectivo é atingir os 400 megawatts para fazer face aos projectos de industrialização da província.
Quanto à rede de transporte, Cabinda tem seis subestações eléctricas, necessitando de instalar mais 11 para contemplar as zonas de Tando-Zinze, Massábi, Necuto, Miconje e o Luáli. “Estando essas zonas interliga- das na rede provincial, teremos uma estabilidade e um desenvolvimento nessas localidades e não precisaremos mais usar os grupos geradores ou sistemas isolados como temos feito”, frisou.
Aumentar a capacidade de produção
Para aumentar a capacidade de produção, Rafael Paca enumerou alguns projectos estruturantes que devem concorrer para maior autonomia e maior fiabilidade no fornecimento de energia eléctrica a Cabinda. Para Rafael Paca, a construção da central de energia solar fotovoltaica na província vai ajudar a colmatar o défice de produção e criar estabilidade na satisfação das necessidades dos consumidores.
O projecto, a cargo do Ministério da Energia e Águas, está avaliado em cerca de 141,7 milhões de euros, e vai dispor de 200 mil painéis solares com capacidade para produzir 90 megawatts de energia, incluindo um sistema de armazenamento de bateria de 25 MWp cada uma, bem como comportará uma linha de transporte de 60 kv.
Será implementado numa área de 214 hectares, já desminada, na localidade de Chinganga, 17 quilómetros a sul da cidade de Cabinda, e tem como finalidade melhorar a produção e distribuição de energia eléctrica na província e reforçar a capacidade de produção de modo a eliminar o défice existente.
As empresas Elsewedy Electric, Ambigst S.A e a Nemus, Lda, envolvidas na execução do projecto, apresentaram ao governo de Cabinda e às comunidades locais a estrutura e os procedimentos para a realização do estudo de impacto ambiental e social do mesmo.
Em relação à defesa do meio ambiente, os promotores do projecto garantem que estão salvaguarda- das todas as situações referentes ao ambiente na área da ecologia, da biodiversidade existente, dos ecossistemas, bem como a utilização dos recursos por parte da população e na vertente social junto às comunidades.
Ainda no intuito de melhorar o fornecimento de energia eléctrica às populações, o Governo pretende, no âmbito do acordo-quadro de cooperação no domínio da energia, assinado entre Angola e a República Democrático do Congo, construir uma linha de 220 Kv que liga Inga-Boma-Muanda (RDC) e Cabinda (Angola), com um percurso de 179,4 quilómetros no território congolês e 47,5 quilómetros em Angola.
A construção da linha de energia eléctrica a partir do aproveitamento hidroeléctrico do Inga na RDC irá abastecer electricidade à província de Cabinda, passando pelas localidades congolesas de Boma e Muanda.
O aproveitamento hidroeléctrico do Inga vai permitir a Cabinda alavancar a sua actividade agro- industrial, tendo como destaque o Terminal de Águas Profundas do Caio, o Pólo Industrial do Fútila e os projectos do sector da agricultura.
De acordo com as autoridades locais, o projecto Inga poderá servir de redundância ao ciclo combina- do do Soyo e a central fotovoltaica, sem descurar da necessidade de manter as centrais térmicas disponíveis para efeitos de contingência.
“Por mais que tenhamos o cabo submarino em funcionamento, poderá haver contingências de ordem operacional e que nos levam a optar por uma solução alternativa temporária que podem vir a ser as centrais térmicas ou mesmo a ligação Inga/Cabinda”, defendem.
POR:Alberto Coelho
EM CABINDA