A província de Cabinda registou, nos últimos cinco dias, 29 casos de pessoas afectadas com cólera e um paciente morreu por não resistir à doença, informou, nesta cidade, o secretário provincial da Saúde, Rúben de Fátima Buco
Segundo Rúben de Fátima Buco, os doentes estão internados no Centro de Tratamento da Cólera (CTC), localizado na zona do Tchizo, uma unidade criada para o efeito e que tem a capacidade de internamento de 15 camas.
A cólera é uma doença infecciosa, aguda e contagiosa, caracterizada por forte diarreia, cólicas e colapso, causada pela bactéria vibrio colérico.
Por isso, de acordo com o responsável do sector da saúde em Cabinda, os pacientes internados estão a ser tratados com antibióticos para a sua reidratação devido a perda de líquidos através das diarreias e vômitos.
Garantiu que o estado de saúde dos pacientes evolui positivamente, “daí sermos mais contundentes, sobretudo, na medicação.” Rúben de Fátima Buco disse à imprensa que o quadro actual da cólera em Cabinda é preocupante, “mas está sob nosso controlo”, uma vez que a letalidade ainda é baixa, tendo em conta os números de casos.
Segundo referiu, as autoridades sanitárias na província registaram ultimamente mais de três por dia e, em função disso, “a nossa grande preocupação.”
Por este motivo, Rúben Buco reforçou a ideia de as acções do sector da saúde incidirem na sensibilização das comunidades, sobretudo na mudança de comportamentos, já que existem dois factores de contaminação da doença, nomeadamente o homem e as fontes de abastecimento da água.
De acordo com a nossa fonte, a defecação ao ar livre é um comportamento nocivo que deve ser banido no seio da comunidade, porque quando chove, a corrente das águas leva consigo as fezes para as fontes de abastecimento das águas e, por este mecanismo, há transmissão e disseminação da doença.
“A nossa grande preocupação também é que todos os casos diagnosticados não têm vínculo epidemiológico, ou seja, todos os casos positivos não tiveram contacto com áreas de risco, que são as províncias que já foram diagnosticadas antes”, sublinhou.
Para a província de Cabinda, disse estes serem casos autóctones (locais), daí a grande preocupação dos responsáveis da saúde face à disseminação da doença.
“De referir que, até 5 dias antes, nós tínhamos 10 casos e, nos últimos 5 dias, disparou para 29 casos. Temos que tranquilizar a população e esperar que continuemos assim.
Nas últimas 24 horas, não registramos nenhum caso de cólera ao nível da província”, ressaltou. Rúben Buco assegurou haver logística suficiente quer para o tratamento dos pacientes, quer para o processo de diagnóstico.
“Os números estão a subir porque estamos a diagnosticar em função do rastreio passivo criado a nível das urgências, sobretudo, nas grandes unidades hospitalares”, afirmou, acrescentando que nos casos de suspeitas de diarreias e vômitos é obrigatório fazer os testes.
Bairros afectados
Segundo os dados divulgados pelo secretário provincial da Saúde, 8 (oito) bairros da cidade de Cabinda registaram o total de 30 (uma morte e 29 pacientes) de casos diagnosticados na província.
O epicentro da cólera na província de Cabinda é o bairro 4 de Fevereiro, na zona vulgarmente chamada de “Tira Biquini” por causa das condições precárias de saneamento básico aí encontradas no âmbito da vigilância epidemiológica.
“Daí a incidência das nossas acções em sede da comissão provincial assegurar o tratamento dos poços e reservatórios de água para conferir à população melhores condições de água potável, para além do fornecimento de cisternas de água potável às comunidades”, afirmou o responsável da saúde.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda