As associações solidárias que operam no país falam em diminuição das acções de solidariedade, sobretudo no actual contexto natalício, devido ao aperto financeiro que as em- presas e as famílias enfrentam.
Com a crise, as associações dizem haver, nos últimos tempos, uma diminuição drástica no apoio às famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social por todo o país. As organizações sociais referem que, devido ao aperto financeiro que as empresas enfrentam, há menos angariação de donativos para as pessoas em dificuldades sociais.
Entretanto, a título de exemplo, Roger Silva, presidente da Associação Mãos Solidárias, disse que, das mais de duas mil pessoas que, anteriormente, a sua organização ajudava todos os anos, hoje a cifra anda em torno dos 800 beneficiários.
Roger Silva aponta, como causa, o encerramento das várias empresas que tinham uma agenda e compromisso com a responsabilidade social. Conforme referiu, muitas empresas que operavam no país decidiram “fechar as portas” às questões da assistência social por não haver, durante o seu exercício económico, lucros suficientes para fazer face às questões de solidariedade.
“E é uma tristeza para nós deixar de ajudar pessoas que já contavam com a nossa ajuda para sobreviver. Mas compreendemos, porque também te- mos conveniência que a situação financeira do país não é das melhores”.
Aproveitamentos afastam apadrinhamento e apoios
Por seu lado, Ernesto Alexandre, da Associação Solidária das Boas Novas (ASBN), disse que, para além da situação em que as empresas vivem, há também muito aproveitamento de certas pessoas e organizações da sociedade civil.
O líder da associação, que anualmente tem uma carteira de 1500 pessoas assistidas, disse que, mui- tas organizações aproveitam-se deste período natalício para tirar dividendos com o desfalecimento da solidariedade. Conforme referiu, a solidariedade não deve ser demonstrada apenas na época natalícia.
É preciso, frisou, que o espírito de sociedade tenha um exercício contínuo e consolidado ao longo do ano. “É verdade que estamos num momento de aperto financeiro. Mas também há muitos aproveitamentos. O importante é que continuamos a fazer as nossas actividades mesmo diante da redução de apoios que temos vindo a enfrentar”, frisou.
É preciso se reinventar
Por seu lado, Isaac Salomão, da Associação Solidária Amor e Respeito, reconhece, igualmente, que os apoios em época natalícia diminuíram significativamente nos últimos anos em função da crise económica que o país vive. Mas, frisou, todavia, é preciso que se busquem outras fontes de rendimentos para a sustentabilidade dos projectos sociais.
De acordo com o líder associativo, apesar dos tempos difíceis, é necessário que as organizações se reinventem para conseguirem ter o mínimo de estabilidade e a continuidade dos seus projectos.
“Os tempos estão difíceis. Mas precisamos nos reinventar. Não é fácil, mas é o caminho. Temos de encontrar outras alternativas para continuarmos a ajudar os mais desfavorecidos”, defendeu.