Para a execução destes projectos, esta ONG dinamarquesa alcou mais de cinco milhões de dólares americanos na construção de 12 furos de água com sistemas de distribuição às comunidades, 16 poços melhorados e 16 represas para o reabastecimento dos lençóis freáticos em que estão instados os furos em época de seca, nos municípios dos Gambos e Bibala, nas províncias da Huíla e Namibe, respectivamente.
No município da Bibala, este projecto permitiu a reabilitação de uma escola do Ensino Primário, com capacidade de três salas de aula, a colocação de um sistema solar para o fornecimento de energia ao posto de saúde, à escola e às residências da sede comunal, bem como sistema de captação e distribuição de água potável.
António Segunda, morador da comuna da Quilemba Velha, no município da Bibala, disse que, antes da construção do sistema de captação de água na comuna em que vive, as famílias recorriam aos poços, onde retiravam água para o consumo, muitas vezes sem as condições necessárias, o que causava doenças de foro hídrico.
“Antes, nós tirávamos água da cacimba, porque, nos poços que nós abríamos nas margens dos rios, a água tinha micróbios, por isso, os nossos filhos ficavam sempre com diarreia, barrigas inflamadas! Estamos felizes porque agora temos água nas torneiras, temos energia aqui na sede, mas nós queríamos que a energia fosse expandida para todas as casas da comuna, porque não é só aqui onde vivem pessoas, há também famílias em outros bairros da comuna, mas, ainda assim, estamos satisfeitos, porque, para além da água e energia, também reabilitaram a nossa escola que estava muito mal e sem carteiras.
Hoje os nossos filhos já podem ter aulas em boas condições”, manifestou. Por seu lado, o administrador comunal da Quilemba Velha, João Francisco Bonifácio, que conta com uma população estimada em 8 mil e 994 habitantes, disse que a comuna que dirige saiu a ganhar com a reabilitação da escola e com a construção de novos equipamentos para os sectores da energia e água.
De acordo com o responsável, as dificuldades dos habitantes daquela circunscrição eram vá- rias, sendo que percorriam longas distâncias para a aquisição do precioso líquido, e a energia era fornecida com enormes dificuldades, já que a localidade era beneficiada por um gerador que consumia muito combustível.
“A nossa comuna foi beneficiada com sistema de energia solar e sistemas de água também para a localidade do Mungondwe, o que veio facilitar a vida dos seus habitantes, porque antes gastava-se muito na compra de combustíveis e isso ficou já para trás. Com os sistemas que a ADPP nos ofereceu, agradecemos profundamente”, salientou.
Ainda assim, o administrador comunal disse que a população que dirige necessita de outros serviços inexistentes, o que tem criado enormes dificuldades, sobretudo no sector da educação. “A comuna é grande, temos uma população considerável e com muitas necessidades, gostaríamos que estes projectos fossem implementados nelas.
O que mais nos preocupa é a falta de um Centro Médico e uma escola do Ensino Médio. Os nossos alunos, quando terminam o primeiro ciclo, vão todos para a província da Huíla e outros acabam por não dar seguimento à sua formação, o que não é bom”, desabafou.
10 escolas reabilitadas na Bibala
O director municipal da Educação na Bibala, província do Namibe, Erickson Domingos, disse que a intervenção do Projecto Social Integrado, da ONG Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) está a trazer um grande impacto no sector que dirige.
Segundo disse, tal impacto traduz-se na melhoria do processo de ensino e aprendizagem no município da Bibala, com a reabilitação de 10 escolas que se encontravam totalmente degrada- das em função do tempo em que foram construídas pelo Governo angolano.
“No âmbito desse projecto, foram reabilitadas 10 escolas, num total de 37 salas de aula, que beneficiam 3 mil 330 alunos do ensino primário e secundário, estas escolas estavam num estado de degradação que não felicitava o trabalho quer para as direcções das escolas, como também dos próprios professores e alunos, hoje elas apresentam uma imagem muito diferente, por exemplo, aqui na localidade das Mangueiras, foi reabilitado este complexo escolar com 12 salas de aula, uma residência para professores e um sistema de energia solar, o que vai facilitar a ministração de aulas no período noturno”, explicou.
Partos mais seguros nos postos e centros de saúde do Kapangombe e Quilemba Velha
As acções do Projecto Integrado Social, que está a ser desenvolvi- do pela Organização Não Governamental, Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo, nos municípios da Bibala e Gambos, nas províncias do Namibe da Huíla, estão igualmente a impactar positivamente o sector da saúde na Bibala.
Neste município da Província do Namibe, concretamente nas comunas da Quilemba Velha e Capangombe, foram reabilitadas e equipadas duas unidades sanitárias, com vista a garantir uma assistência médica com mais dignidade aos seus utentes.
A intervenção do referido projecto permitiu a instalação de painéis solares nas duas unidades sanitárias, o que está a permitir a assistência médica aos utentes que acorrem àqueles serviços no período nocturno, bem como a realização de partos com mais segurança, já que anteriormente, os mesmos eram realizados à luz de lanternas.
O director municipal Saúde na Bibala, Moisés Sakukuma, disse que o projecto teve a sua intervenção em 8 unidades sanitárias, sendo dois Centros de Saúde e seis Postos, que foram construídos pelo Governo Provincial do Namibe, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), mas sem energia.
“É uma mais-valia para o município, particularmente para o sector da saúde, as duas unidades que nós visitamos foram construídas no âmbito do PIIM e não foram contempladas com energia, por esta razão, desde a sua inauguração, usamos sempre fontes alternativas, usávamos geradores, por isso nossos laborató- rios funcionavam faseadamente, ou seja, fazíamos a colecta durante o dia, e só poderíamos fazer a leitura durante a noite, e os partos deixaram de ser feitos com o auxílio de luz de lanternas, até agora as nossas unidades trabalham durante as 24 horas do dia”, as- segurou.
Por outro lado, a directora de projectos da Ajuda de Povo Para Povo, Rapafadzo Ngwenya, disse que a execução do projecto que se encontra na sua fase final, engloba vários pacotes, que contou com o financiamento da petrolífera Azule Energy, que opera no bloco 15-06. “Estes projectos já foram concluídos e entregues à comunidade, quer aqui no Namibe, município da Bibala, quer também na Huíla, município dos Gambos.
Estamos agora na fase final, já entregamos vários sistemas de água e energia solar, tínhamos também a componente da agricultura, saúde nas escolas e também na comunidade, implementamos também a diversificação da economia com o treinamento de meninas para as áreas de corte e costura, bem como gestão de pequenas empresas”, revelou.
ADPP destaca parceria com Azule Energy e ANPG
A presidente do Conselho de Administração da ONG Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) Angola, Rikki Viholm destacou a importância da parceria entre a sua organização e a empresa Azule Energy, bem como a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) que tem vindo a financiar projectos tendentes à melhoria da qualidade de vida de milhares de famílias, com realce para as zonas rurais.
Em seu tender, é possível garantir o mínimo de condições para todas as famílias rurais, desde que se encontrem políticas sustentáveis para o efeito e que se reflitam em pequenas acções como a abertura de sistemas de abastecimento de água potável, a promoção da saúde na comunidade e a criação de sistemas de fornecimento de energia solar, que concorre para os objectivos da transição energética, perseguidos pelo Governo angolano.
“Esta é uma jornada que fizemos juntos, e puderam ver aquilo que, com a comunidade dos Gambos e Bibala, na Huíla e Namibe, foi feito, mas a execução do Projecto Social Integrado só foi possível com o envolvimento da comunidade, por isso, vou primeiramente agradecer à comunidade, pois, sem ela, não há desenvolvimento, não há sustentabilidade de projectos, foram os jovens que fizeram os furos de água, foram as crianças que pediram!
Também é verdade que, sem parceiros, o mundo não pode mudar, por isso, queremos agradecer ao Bloco 15-06 e a Agência Nacional de Petróleo e Gás pelo apoio financeiro que prestaram para a execução destes projectos nas duas províncias do sul de Angola”, reconheceu.
Por sua vez, o presidente da Comissão de Operações do Bloco 15-06, que falava em nome da APNG, Hermenegildo Manuel, disse que o financiamento destes e outros projectos insere-se no âmbito da responsabilidade social corporativa das empresas petrolíferas, de maneira a repartir as benesses do petróleo com todos os angolanos.
“Os projectos sociais do sector dos petróleos são implementa- dos pela ANPG, os nossos parceiros do Bloco 15-06, que é composto pela Azule Energy, pela SINOPEC e pela SONANGOL. Este é um projecto implementado por um órgão do Governo, verificamos que os investimentos que nós aprovamos para serem feitos estão a apresentar resultados. O petróleo é para ser distribuído no país todo, os investimentos feitos pelo sector dos petróleos devem e já estão a abranger todo o país”, assegurou.