A activista Florence Kapita desenvolve, na localidade do Kapululu, no bairro 11 de Novembro, em Benguela, um projecto de alfabetização, denominado «elavoko», que, neste momento, acolhe pouco mais de 100 crianças fora do sistema de ensino. Há muito que a também defensora dos direitos humanos vem clamando por apoio de várias índoles, a fim de proporcionar melhores condições de acomodação às crianças. Recentemente, a jovem recebeu garantias de apoio do administrador local, Armando Vieira
Há anos que Florence Kapita se lançou ao desafio de retirar um número significativo de crianças fora do sistema de ensino e colocá-las dentro. Para tal, passou a dar aulas a alguns petizes na localidade do Kapululu, por se encontrarem distantes de estabelecimentos de ensino.
A boa vontade da jovem activista social, em muitos casos, tem-se esbarrado na falta de condições para sustentar o projecto. Manifesta-se um tanto quanto incapaz, mas sente-se sensibilizada pelo número de encarregados de educação que, volta-e-meia, batem à sua porta implorando-lhe que alfabetize os filhos.
A comunidade onde Kapita resolveu implantar o seu projecto ao qual chama de «Elavoko» (esperança, se traduzirmos do umbundu para o português) é bastante carente, no que se refere a serviços e infra-estruturas sociais do Estado.
O projecto da jovem tem permitido a que muitas crianças conheçam a essência do «A, B, C» pelas mãos dela. Nas plataformas digitais, com destaque para redes sociais, a jovem promotora tem estado a solicitar o apoio a vários actores sociais, de modo a que lhe possam auxiliar nessa empreitada, disponibilizando, fundamentalmente, materiais didácticos, na medida em que os fundos próprios e doaações de que se tem valido ficam, de resto, muito aquém daquilo que ela desenhou para o projecto.
A promotora do Projecto Elvoko dá nota de que, até à presente data, já foram alfabetizadas mais de 200 crianças e que, actualmente, acolhe 156 crianças em idade escolar, para além de dispor de uma creche comunitária escolar, com 40 crianças.
A também defensora dos direitos humanos, de apenas 21 anos, começou uma campanha de angariação de fundos com os quais pensa vir a construir uma escola. Ela projecta, com a aludida campanha, obter pouco mais de 18.000.900,00 kz para tornar aquilo que considera de sonho em realidade. «Com o vosso apoio, podemos garantir educação digna, combater o analfabetismo e criar oportunidades para estas crianças», apela.
De acordo com a activista, «queremos ir mais longe, construindo uma escola com pelo menos 7 salas de aula, uma biblioteca aberta à comunidade, um campo de futebol e um espaço de formação e recreação», projecta a jovem activista. Admite, pois, que, nas cercanias do bairro, existem alguns estabelecimentos de ensino, porém há desafios que concorrem para que as crianças do bairro não acessem.
De entre outros, aponta a falta de condições financeiras, vagas e de documentos de identificação. Nesta perspectiva, na qualidade de promotora, tem trabalhado afincadamente no sentido de ultrapassar aquilo a que chama de barreiras, essencialmente no que se refere à falta de documentos, por ser um problema que não aflige apenas crianças, mas estende-se a pais e encarrgados de educação. «A construção da escola comunitária vai resolver os problemas do acesso à educação, da falta de vagas. As escolas estão muito distantes e as vias de acesso são precárias», salienta.
Promessas de Vieira Depois de tantos apelos feitos sobre a necessidade de obter algum apoio do Estado, a Administração Municipal de Benguela parece se ter comparecido. O administrador Armando Vieira foi a Kapululu com uma «mão» cheia de promessas, ao mesmo tempo que procedeu à entrega de carteiras, quadros e outros materiais didácticos.
Para começar, Vieira avançou como promessa – e, por conseguinte, assegurou constar já em um instrumento de sua gestão – a construção de uma escola. O governante deixa subjacente a promessa de continuidade de apoio, a fim de que se garanta, cada vez mais, vitalidade ao projecto. Vieira justifica que, tão logo tomou ciência do projecto, decidiu abraçar.
Reconhece, deste modo, que o mesmo enfrenta uma série de problemas, tendo citado, a título de exemplo, a falta de água e energia eléctrica. «Nos próximos dias, vamos reagir, no sentido de contribuir para melhorar a cobertura das áreas que essas crianças utilizam neste momento». Diz ter já inscrito, para os próximos dois a três anos, a construção de escolas primárias e, em função das dificuldades, promete equacionar a possibilidade de se vir a construir no Kapululu, no bairro 11 de Novembro, uma escola», garante.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela