Reassentadas a 10 quilómetros uma da outra, isto nos bairros 25 de Dezembro e do Sassa-Pedreira, as populações enfrentam inúmeras dificuldades, tanto para terem acesso a alguns dos serviços sociais básicos, como para se alimentarem. Nestas localidades, de acordo com quem vive a realidade, falta quase tudo.
Não há escolas, e os postos médicos improvisados só tratam questões pontuais. São mais de 2500 famílias das localidades de Kawango que continuam a viver em condições precárias, casa improvisadas de chapas, crianças sem escolas e a contraírem doenças, segundo apurou o jornal OPAÍS.
Os pacientes, que carecem de melhor assistência médica e medicamentosa, são obrigados a percorrer a distância acima mencionada para serem consultadas.
A sarna e a malária são as doenças que mais afectam as crianças, sendo que, devido ao estresse, os adultos são acometidos com hiperextensão, de acordo com o coordenador do Sassa-Pedreira, Ventura António.
De acordo com Ventura António, os geradores eléctricos oferecidos pelo Grupo Parlamentar do MPLA, em Março, funcionam apenas para atender às pequenas moagens da comunidade.
Face às dificuldades, há pessoas que estão a abandonar a zona e a se abrigarem em residências de familiares, em zonas mais seguras.
Um dos exemplos é de Laura Baptista Morais, mãe de um filho, de seis anos, que se assume como uma das primeiras pessoas que viu a sua casa a desabar, no bairro Mifuma, arredores do Kawango.
Em declarações ao jornal OPAÍS, contou que neste momento encontra-se alojada na casa dos seus pais, até porque, segundo disse, se aproxima a época de matrícula para o próximo ano lectivo e quer ver o seu filho a estudar.
De acordo com Laura Morais, fora os apoios prestados no primeiro momento, pelo Governo do Bengo, Grupo Parlamentar do MPLA e outras entidades, entre Dezembro e Março, “ficaram abandonadas no deserto”. No início, segundo disse, receberam chapas, roupas e alguns medicamentos.
“De lá para cá, nada mais chegou aos sinistrados”, desabafou. Outra “sinistrada”, Vânia Silva, realojada do bairro 25 de Dezembro, lamentou o facto de terem recebido muitas promessas, no entanto, não concretizadas. “Tiraram fotos, fizeram promessas e desapareceram”, lamentou.
Vánia Silva conta que, por não ter visto concretizada tais promessas, teve de “refugiar-se” em casa dos seus familiares, no bairro Petrangol. Mas, segundo disse a este Jornal, tem o sonho de um dia regressar à sua casa, ainda submersa, no Mifuma. Fora as chapas, Vânia nega ter recebido outro apoio do Governo.
Em Março deste ano, uma delegação do Grupo Parlamentar do MPLA, na altura chefiada pelo deputado Virgílio Fontes Pereira, procedeu à doação de diversos bens aos sinistrados, como moagens, colchões, medicamentos e alimentos. Por outro lado, prometeu advogar junto do governo central que mais apoios chegassem.
“Podemos assumir aqui que vamos fazer advocacia com os órgãos do Estado para que outros apoios possam ser prestados”, garantiu, na altura, Virgílio Fontes Pereira”, num acto presenciado pelo OPAÍS.
A presença dos parlamentares do partido no poder nesses campos terá despertado o interesse de outras formações políticas e entidades que, naquela altura, também compareceram para prestarem apoio e solidariedade, só que não mais voltaram.
De acordo com os nossos interlocutores, as famílias dizem que precisam, com urgência, de apoio para reerguer as suas casas.
Por: José Zangui