Declarações do governador da província de Benguela constatam que o projecto habitacional Acácias Rubras está inundado em vícios, contudo herdados do governo que o antecedeu.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
Concebido pelo seu predecessor, Isaac dos Anjos, o projecto habitacional Acácias Rubras, no bairro do Kalohombo, está impregnado de vícios, segundo Rui Falcão, actual governador provincial. Por isso, o seu pelouro vai corrigir o quadro, pois acredita que a intenção foi positiva, porém não foram criados os mecanismos mais adequados. O projecto previa a construção de residências destinadas aos professores e médicos estrangeiros, fundamentalmente cubanos, em missão de serviço em Benguela.
A construção surgiu para evitar-se os gastos avultados que se faziam junto às unidades hoteleiras em que os médicos se alojavam. Segundo fontes familiarizadas com o processo, visando conter desperdícios financeiros, Isaac dos Anjos desenhou a construção de um projecto habitacional, e consequentemente, poupar fundos públicos. Contudo, pelo facto de serem casas numerosas para um escasso número de beneficiários, o então chefe do Executivo de Benguela resolveu alargar o projecto aos cidadãos com capacidade financeira para comprar.
O projecto, que está a ser executado por uma empresa chinesa, conta com 7 prédios construídos e tenciona-se concluir um total de 14 prédios e mais de 200 fogos habitacionais, segundo dados recolhidos por OPAÍS no local. “Encontramos um problema sério, em relação a algumas iniciativas que foram tomadas aqui, mormente as relacionadas com a criação de condições de habitabilidade para professores estrangeiros”, referiu Rui Falcão, no decorrer de uma visita efectuada na Universidade Katyavala Bwila, dizendo que o mesmo está impregnado de alguns vícios que urge corrigir. A ideia consiste primeiro, em resolver o assunto de base, que é propriedade do Espaço, segundo o governador. “Se me permitem a expressão, foram fazer filhos em mulher alheia. Então, nós temos de corrigir isso rapidamente”, admite.
A posição de Falcão veio dar sustentabilidade às vozes que acusavam o anterior governo de se ter apoderado de um bem público. Sem revelar nomes, fontes dignas de crédito referem que pairou a ideia de reverter a propriedade dos imóveis a favor de agentes privados, e posteriormente vender-se- iam as residências aos cidadãos com capacidade para o efeito. Em entrevista à imprensa, o membro da sociedade civil, Martins Domingos, deplora o facto de não terem sido excercidas medidas de fiscalização à obra.
No seu entender, os vícios a que Falcão se refere, embora sem os especificar, deviam ter sido evitados se a fiscalização funcionasse como tal. “Esta fiscalização teria capacidade para apresentar alguns relatórios, de forma pública, e os orçamentos que a obra custou, bem como os possíveis responsáveis”, declarou, suspeitando que actos de corrupção no projecto tenham ocorrido e espera que não sejam aplicados preços exorbitantes.