Um estudo feito pela Agência Nacional de Resíduos (ANR) e a empresa de consultoria BCG, entre 2020 e 2021, aponta que, anualmente, a província de Luanda produz 7,5 milhões de toneladas de resíduos, e 65% destes podem ser absorvidos no mercado interno pelas indústrias, sobretudo o metal ferroso (ferro, aço), o papel, vidro, plástico (que há capacidade interna de reutilização), orgânico (fertilizantes e produtos para o aterro) e areia.
Ainda dos resíduos produzidos, 17% podem ser exportados, como os metais não ferrosos (lata de alumínio) e plástico (o excedente não reutilizado internamente), sendo que 18% servem para a produção de energia.
De acordo com Nelma Caetano, se começarmos a valorizar os resíduos, em termos de lucros no mercado interno, conseguiremos mais de 160 milhões de euros; se exportarmos o excedente, o lucro seria de mais de 240 milhões de euros, e no sector energético entre quatro a 12 milhões de euros.
Porém, devemos ter em conta alguns desafios, como aumentar as campanhas de consciencialização da população, bem como a taxa de reciclagem que se encontra neste momento entre sete a 10%. Nelma Caetano disse ainda que a gestão de resíduos é compartilhada entre o Ministério do Ambiente, através da Agência Nacional de Resíduos, a instituição que regula as políticas e estratégias, e os governos provinciais que têm a responsabilidade de conceder os serviços de limpeza urbana, fazer a fiscalização dos mesmos, bem como promover campanhas de educação ambiental.
Depois aparecem as operadoras, que têm o dever de cumprir com as normas e pôr o material à disposição para que se faça a gestão dos resíduos e, de seguida, as associações de defesa do ambiente, catadores, entre outros, que trabalham para massificar as campanhas de educação ambiental e as de limpeza.
Iniciativas da ANR para a valorização dos resíduos
Actualmente, a ANR está a desenvolver o projecto PEDUR, que tem o foco na mudança de comportamento, direccionado aos centros de infância e escolas do Iº ciclo, onde as crianças e os professores são ensinados que o resíduo tem valor.
A separação do lixo a partir de casa, que depois é levado à escola para ser usado ou transformado em artefactos, na disciplina de educação manual plástica, é uma das formas de se transmitir a importância da reciclagem.
Tem ainda o Projecto de Inserção Social dos Catadores de Resíduos (PICAR), uma iniciativa interministerial que visa atribuir carteiras profissionais aos catadores resíduos, que são cadastrados, formados e, em seguida, recebem materiais para o início de actividade.
Com o PICAR já foi possível registar mais de 42 cooperativas de catadores, nas províncias do Huambo, Benguela, Huíla, Malanje, e estão absorvidos mil e 500 catadores. Na última semana, se juntou à província do Namibe, onde foi entregue 20 quites, composto por motas de três rodas e equipamentos de protecção individual para iniciar actividade.