A manifestação é feita pelo presidente da União Nacional dos Camponeses de Angola (UNACA), José dos Santos, que diz que, com a institucionalização da província do Icolo e Bengo, receia-se que se venham a prestar pouca atenção aos camponeses desta circunscrição.
José dos Santos conta que a preocupação surge devido às várias reclamações que fazem as famílias camponesas do Icolo e Bengo sobre a escassez de equipamentos para o desenvolvimento das suas actividades no campo.
O responsável explica que não está contra a implementação da nova província, mas lembra que, quando os camponeses faziam parte de Luanda, já se verificavam irregularidades na distribuição dos fertilizantes e dos demais produtos de apoio, pois, com a nova fase administrativa, pouco se acredita numa possível regularização das coisas.
José dos Santos descreve que os incentivos fornecidos pelo Governo não chegam para aquilo que é a dimensão da agricultura praticada no Icolo e Bengo, exemplifican- do que, num universo de 100 famí- lias, apenas 10 a 20 destas têm merecido determinados apoios.
“A maioria das famílias camponesas fica sem incentivos agrícolas e sem assistência do Estado, sendo que, para cultivarem, recorrem quase sempre aos meios próprios”, disse o responsável da UNACA. No âmbito da recente Divisão Político-Administrativa, os camponeses do Icolo e Bengo tomam a consciência de que se encontram numa nova província.
Por isso, as cooperativas sabem, de antemão, que os planos já traçados terão que ser reiniciados, ou mesmo continuados, por uma nova administração que terá a grande missão de colmatar as antigas e novas necessidades existentes no seio das famílias agrícolas.
Com o reinício das actividades administrativas, os afectados re- acendem novas preocupações co- mo o temor na redução das ofertas de equipamentos para lavrar a terra. As famílias queixam-se de que os apoios que têm sido dados pelo Governo central são escassos para o vasto solo agrícola que o Icolo e Bengo oferece.
Os camponeses da nova província temem por dias piores no cultivo agrícola, procuram colocar esperanças no próximo corpo administrativo, a ser liderado pelo estreante governador Auzílio Jacob, que tem desafios fortes para colocar o Icolo e Bengo na rota do desenvolvimento.
Mais eficiência na resolução dos problemas
O secretário da cooperativa dos ex-militares da comuna do Mazozo, Domingos João Luís, acre- dita que, com a nova governação, os problemas serão resolvidos com mais eficiência, tendo em conta a aproximação governativa.
O agricultor considera benéfico o facto de o Icolo e Bengo ter-se afastado de Luanda. Para este agricultor, cabe aos novos dirigentes saberem liderar e apoiar as diversas cooperativas para desenvolver a prática da agricultura local.
“Nós, os camponeses, sempre dependemos das estruturas centrais, esperamos que os dirigentes que serão eleitos no Icolo e Bengo prestem mais atenção à agricultura e aos camponeses, porque nós estamos prontos para trabalhar, mas o apoio é que nos falta”, queixa-se.
Vale destacar que a nova província do Icolo e Bengo possui uma vasta área territorial, com um grande potencial para se tornar um dos líderes no agro-negócio em Angola, devido aos seus solos férteis e ricos, condições naturais favoráveis, tanto para a criação de animais quanto para plantação de diversas culturas.
POR: Adelino Kamongua