Soou o alarme e as atenções estão viradas para a “cidade do bago vermelho”. De lá chegam as piores notícias para o início de 2018. Um surto de cólera grassa naquela região e todo o cuidado é pouco
POR: André Mussamo
Os primeiros casos do surto terão sido notificados há três semanas. De lá para cá os dados têm sido variáveis e pouco confiáveis. Algumas fontes falam em mais de 100 casos registados com a ocorrência de 2 óbitos. Outras fontes, entretanto, apontam o registo de 6 óbitos desde o início da epidemia Na última semana de 2017, amostras trazidas à Luanda confirmaram laboratorialmente que se tratava efectivamente de cólera.
Felizmente até ao momento o surto epidemiológico parece estar confinado exclusivamente na cidade do Uíge. No âmbito dos esforços para travar a doença, uma comissão multisectorial encabeçada pelo secretário de estado da Saúde para a área hospitalar, Valentim Altino de Chantal Matias, está na capital da província com o mesmo nome. A delegação integra epidemiologistas, médicos internistas, pediatras, anestesistas, clínicos gerais, técnicos ligados ao ambiente, energia e águas, entre outras áreas, e vai durante os próximos 7 dias tentar estabelecer medidas capazes de reverter a progressão da doença.
E como diz a sabedoria popular nenhum mal vem só, Uíge também regista uma subida anormal do índice de casos de malária acompanhando o ritmo que vai ocorrendo em algumas províncias, como foi o caso da Lunda-Norte, Bengo, Bié, Benguela, apenas para citar algumas. Fontes no terreno garantem que a equipa vai engajar-se em acções de sensibilização da população e esclarecimento sob como deve proceder para se prevenir contra as doenças e acautelar o surto a nível da comunidade. O uso de latrinas bem construídas, o tratamento da água e dos alimentos são outras acções em carteira.
O governador da província do Uíge, Mpinda Simão, junta-se às fontes oficiais que já confirmaram a ocorrência na provincia. Segundo o governante, a província enfrenta casos de cólera já confirmados pelas autoridades sanitárias. “Para além da malária surgiu a epidemia da cólera. No início não tínhamos a certeza, os técnicos fizeram o seu trabalho, recebemos a confirmação de que os casos de diarreias que temos aqui na província estão ligados à cólera”, disse Mpinda Simão na altura, a confirmar o que todos temiam.
O novo surto já levou ao Uíge o secretário de Estado para a Saúde Pública, José Vieira Dias da Cunha, que por altura da sua visita recomendou a necessidade haver melhorias no saneamento básico e distribuição de água potável. “É muito importante que todos nós saibamos que a cólera é uma doença que tem muito a ver com o saneamento do meio ambiente e com a distribuição de água potável. Esses dois eixos, se estiverem devidamente resolvidos, dificilmente uma população vai contrair esse tipo de doença”, frisou. A epidemia de cólera está a afectar os três principais bairros da cidade do Uíge, segundo confirmaram as autoridades sanitárias.