“Tal como o Hitler queria uma solução final para a questão russa, agora, se observarmos os políticos ocidentais… Eles dizem, claramente, que a Rússia deve sofrer uma derrota estratégica”, afirmou Lavrov essa Quarta-feira numa conferência de imprensa em Moscovo, onde assumiu também que as relações com Washington nunca voltarão a ser como antes.
“Os Estados Unidos, através da Ucrânia, estão a travar uma guerra contra o nosso país com a mesma finalidade: solucionar a questão russa”.
Na opinião de Lavrov, o ex-presidente norte-americano Barack Obama é o culpado pelo início de uma guerra diplomática entre as duas nações, depois de ter expulsado 35 diplomatas russos após uma alegada interferência de Moscovo nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA.
Sobre soluções de paz, o MNE russo disse não ter visto ainda qualquer proposta séria e considerou “inaceitáveis” as soluções sugeridas pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Lavrov assegurou que a Rússia continua pronta para discutir o conflito com as nações ocidentais e para responder a quaisquer propostas sérias que tenham em conta as preocupações russas com a segurança.
O responsável aproveitou a ocasião para pedir também à NATO que remova as suas “infraestruturas militares” da Ucrânia e de outros países próximos das fronteiras russas.
Dirigindo-se à Aliança Atlântica, Lavrov alertou que a Rússia será forçada a “tomar as medidas apropriadas nas fronteiras” caso a Finlândia se junte à NATO.
As declarações chegam numa altura em que Finlândia e Suécia têm candidaturas pendentes.
O ministro referiu ainda que a Finlândia – com a qual a Rússia partilha uma fronteira de cerca de 1.300 quilómetros – tem sido um modelo a nível de relações amigáveis, mas acusou-a de ter mudado rapidamente a retórica em relação a Moscovo devido à guerra.
Parceria estratégica entre Moscovo e Pequim O ministro russo dos Negócios Estrangeiros enalteceu ainda os exercícios militares conjuntos entre Moscovo e Pequim, considerando que estes fortalecem a nova parceria estratégica entre as duas nações.
O chefe da diplomacia russa acusou o Ocidente de procurar maneiras de enfurecer a China, nomeadamente ao defender a independência de Taiwan, de Hong Kong e do Tibete.
Para Lavrov, Pequim é demasiado forte para que os Estados Unidos possam enfrentá-la sozinho, pelo que estão a “mobilizar” o Ocidente para a sua agenda anti-China.
“O Ocidente já definiu a sua posição quanto a Taiwan, que é absolutamente inaceitável para a China e para a lei internacional, e está à procura de mais e mais oportunidades para irritar a China”, atirou. Em Fevereiro do ano passado, a Rússia e a China assinaram uma parceria “sem limites”, dias antes de Moscovo ter enviado as suas Forças Armadas para a Ucrânia, a 24 desse mês.
Desde então, os laços económicos entre os dois países têm sido fortalecidos, enquanto as relações com o Ocidente têm piorado significativamente.
Ainda assim, o presidente russo, Vladimir Putin, já reconheceu publicamente que o homólogo Xi Jinping tem “preocupações” em relação às acções da Rússia contra a Ucrânia.
Essa Quarta-feira, Sergei Lavrov defendeu que a crise na Ucrânia começou muito antes de o Kremlin ter decidido enviar dezenas de milhares de militares para o terreno em Fevereiro do ano passado, naquela que foi chamada pela Rússia de “operação militar especial”.