A Polícia Nacional anunciou a desactivação da Turma do Apito, com fundamentos de que a organização comunitária tem estado envolvida em casos de ofensas corporais contra supostos marginais. Sem poder de actuação, um líder desta “Brigada de Vigilância Comunitária” fala em ameaças de retaliação por parte dos marginais que ontem “combateram”
O encerramento das cânforas — local onde se realizavam actividades semelhantes às de uma esquadra — foi procedido através da Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP), após ter realizado uma micro-operação, no Sambizanga, onde se apercebeu da prática de crimes como sequestro, tortura e agressão física, segundo o Novo Jornal, que cita o porta-voz do DIIP.
A menos de três dias depois do anúncio, em entrevista ao jornal OPAÍS, o líder da cânfora do Giloca, Francisco Teixeira, mostrou-se preocupado pelo facto de os marginais cujas actividades delituosas eram impedidas pelas operações da Turma do Apito estarem a proferir ameaças contra a sua integridade física e a de seus companheiros. Francisco Teixeira relatou a ocorrência de um destes que, perto de si, proferiu palavras ameaçadoras para ameaçar degolar a cabeça de elementos do agora extinto grupo Turma do Apito.
“Os rapazes que não optaram pela mudança de comportamento criminal estão a nos insultar e ameaçar. Dizem que, agora que as cânforas foram encerradas, vão cortar cabeças”, revelou com bastante preocupação. Por outro lado, além das ameaças de que estão a ser alvos, Francisco Teixeira disse que neste período de desactivação das cânforas, as populações já estão a ressentir os efeitos negativos do facto que está a propiciar o ressurgir de crimes não testemunhados há um tempo considerável.
Por outro lado, os responsáveis de algumas brigadas que compõem a Turma do Apito mostram- se expectantes quanto a uma possível autorização da Polícia para a reabertura das cânforas. A certeza dos líderes das cânforas do Brás e do Giloca está a ser motivada pelo facto de entenderem que os populares confiam a sua segurança às organizações a que chamam de “Brigada de Vigilância Comunitária”.
Por isso, acreditam, a pressão dos munícipes vai forçar as autoridades a recuarem da decisão. Para o responsável da cânfora do Giloca, existem determinadas brigadas que, no cumprimento das suas tarefas, cometem alguns excessos, partindo, algumas vezes, para actos de agressão, conforme informou a Polícia, por um lado, porém, por outro, entende que o diálogo é a melhor via, em vez do encerramento. “Há sempre aqueles que mancham o nome da Turma do Apito, exagerando no bater e a fazer coisas que a Polícia é que deve fazer, mas o melhor a ser feito é que a Polícia reúna connosco, para procurarmos soluções, porque o encerramento não ajuda.
Vai fazer com que a criminalidade volte ao bairro”, alertou. Este responsável acredita que o comportamento indecoroso de alguns de seus colegas está na base da motivação do processo de extinção da Turma do Apito levada a cabo pela Polícia Nacional, o que dificulta o trabalho da organização. Por seu turno, o responsável da cânfora do Brás está, igualmente, a acreditar que se os populares renunciem a decisão da Polícia solicitando uma possível reconsideração da situação para que as brigadas possam ser reabertas e continuarem a trabalhar para a paz e segurança naquele distrito.