Os trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) decidiram cruzar os braços desde o dia 16 do corrente mês para exigirem aumento salarial, melhores condições de trabalho e promoção de carreira
A greve foi decidida na assembleia geral de trabalhadores realiza- da no dia 1 de Novembro do ano em curso, por conta do não cumprimento das exigências constantes no caderno reivindicativo apresentado ao conselho de administração dos Caminhos- de-Ferro de Moçâmedes, em Outubro do corrente ano.
A greve tem como objectivos reivindicar melhorias nas condições de trabalho e salário justo; exigir a implementação de critérios transparentes e justos para promoções, enquadramento e actualização de categorias; garantir o fornecimento adequado de Equipamentos de Protecção Individual (EPIs), em conformidade com as normas de segurança e saúde ocupacional e ainda proporcionar transporte seguro e acessível para os trabalhadores, especialmente aqueles que trabalham em regime de turno.
Para além dos fundamentos já elencados, na greve dos trabalha- dores dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes exigem igualmente a implementação de programas de saúde ocupacional, exames médicos regulares e cuidados preventivos para garantir a saúde e bem- estar dos trabalhadores e também a valorização do tempo de serviço dos trabalhadores, reconhecendo a dedicação e a experiência adquirida ao longo dos anos.
Esta greve, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes e Comunicações da Huíla, por via do Gabinete da Comissão Sindical da empresa dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes, decorre de 16 a 21 do mês em curso. O porta-voz da greve, Elánio Firmino, disse à imprensa que a mesma greve abrange as três províncias que compõem o ramal ferroviário do CFM, nomeadamente Namibe, Huíla e Cuando Cubango.
Durante a paralisação dos serviços, ficaram suspensos todos os comboios de mercadoria, o com- boio suburbano das 10 horas e 30 minutos e os comboios mistos de segunda e sextas-feiras. O sindicalista garantiu que, durante a greve, apenas o comboio suburbano esteve em serviço, das 4 às 8 horas e das 15 horas e 45 minutos às 17 horas e 55 minutos; o comboio de passageiros às quartas-feiras, o comboio misto de Tchamutete, e o comboio misto do Namibe/Bibala.
“O período de paralisação mencionado anteriormente poderá ser prolongado ou retomado de forma alternada, do dia 22 a 28 de Novembro, dependendo das negociações. “A greve é uma demonstração colectiva de solidariedade e determinação. Estamos unidos em busca por condições de trabalho justas não só para nós, mas para as gerações futuras” disse.
A princípio, a primeira fase da greve teria o seu término hoje, de acordo com o comunicado da greve distribuído aos órgãos de comunicação social da província, no entanto, o porta-voz disse que a falta de consenso entre os trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes faz com que se propague por mais seis dias. “Nós não vamos suspender a greve, tal como havíamos previsto na semana passada, porque não há consenso entre as partes negociadoras. Nesta segunda fase da greve, vamos paralisar os comboios de passageiros do Namibe/Biba- la, Lubango/Menongue e Jamba/ Chamutete, durante os seis dias”, explicou.
“Queremos a presença do ministro” Os trabalhadores dos Caminhos- de-Ferro de Moçâmedes, que se encontram em greve desde o dia 16, solicitam a presença do ministro dos Transportes para dirimir o diferendo que pode prejudicar muitas famílias, porque, segundo Elánio Firmino, o posicionamento do conselho de administração do CFM, não está a facilitar o entendimento.
“Estamos hoje no sexto dia de greve e, ao que tudo indica, o conselho mostra-se resistente em responder os pontos constantes do caderno reivindicativo. Vamos manter apenas o comboio suburbano, dada a sua importância na vida social das famílias”, sublinhou. Entretanto, na última quinta-feira, quando se deu início à greve, a imprensa tentou ouvir o PCA dos CFM, António da Cruz, mas este mostrou-se indisponível e prometeu pronunciar-se nos próximos tempos.