Um cidadão, de 44 anos de idade, atirou-se de cima baixo do quarto andar de uma unidade hoteleira, no município de Benguela, por alegada perseguição, conforme teria feito crer antes de ter cometido a acção. O facto ocorreu depois de ele ter mandado chamar uma jovem com quem, supostamente, mantinha uma relação amorosa
O município ferro- portuário do Lobito despertou, no dia 11 de Janeiro (Quarta- feira), uma vez mais chocado com um caso de suicídio, ocorrido na zona comercial do Lobito, envolvendo um cidadão de 44 anos de idade. O acto consumou-se numa unidade hoteleira. “Por volta da uma hora e trinta minutos, espantei-me, ouvindo gritos vindos do hotel. E, pela varanda do terraço, dava para ver o que se passava no hotel. Deu para perceber que ele estava sozinho no quarto e gritava: ‘eu não mereço isso, porquê que me fizeram isso, vou me matar’, conta, o sociólogo Juca Manjenje, que testemunhou a partir da sua residência, a escassos metros de distância, tendo chegado, inclusive, a ligar para a Polícia.
A partir do quarto do hotel, o suicida atirava tudo para baixo. Atirou os computadores, a tela do quarto, as cómodas, espelho, quase toda a mobília. Quando eram duas horas em ponto, o jovem atirou-se do edifício abaixo. Informações colhidas por este jornal apontam para o facto de o suicida ter dado entrada no hotel como hóspede e, de seguida, pedir que se ligasse para uma jovem com quem, supostamente, mantinha uma relação amorosa. Ao que os funcionários atenderam e a jovem foi ter com ele. Depois de ter sido atendida a sua pretensão, o senhor decidiu atirar-se para baixo do quarto andar da unidade hoteleira.
“Primeiro foi a um restaurante, na Restinga, fez lá confusão, partiu o telefone dele. Depois foi ao hotel Turimar, também fez confusão e saiu, e, depois, veio terminar no hotel Chic Chic”, contou uma outra testemunha. Segundo fontes, o jovem ainda teria ido à Polícia Nacional e lá disse que estaria a ser persegui- do, por ter descoberto uma rede de falsificadores de dinheiro. O cidadão em causa ainda ficou alguns minutos com vida esta telado no chão, disseram testemunhas oculares, para quem fossem os serviços de Emergências Médicas mais célere talvez o senhor ainda estivesse em vida.
Levantadas também questões passionais
As causas da tomada daquela decisão por parte do cidadão não estão ainda claras, mas há quem acredite que se tenha tratado também de questões passionais pelo facto de ele ter pedido a presença de uma jovem. A jovem em causa, cuja identidade não foi revelada, na altura, tinha sido detida pelo Serviço de Investigação Criminal, que se fez de imediato ao local. Entretanto, já lhe foi restituída a liberdade.
De suicídio não é tudo. Em Novembro de 2022, ainda no município do Lobito, a sociedade civil ficou boquiaberta com um cenário à volta do suicídio de uma adolescente, de 15 anos de idade. A menina projectou a sua morte. Antes de ter decidido partir desta para outra dimensão, escreveu uma carta na qual agradecia aos pais por lhe terem criado e feito tudo para que fosse uma boa pessoa, mas que ela se tinha cansado da vida. Na mesma missiva, a adolescente apelava-os que respeitassem a sua decisão.
De acordo com dados disponibilizados pelo Departamento de Estudos e Planeamento, durante o ano de 2022, o comando provincial da Polícia Nacional em Benguela tomou conhecimento e registou um total de 26 casos de suicídios, sendo 21 do sexo masculino e 5 do género feminino. O relatório que estamos a com- pulsar refere que sete foram ocorridos na via pública, 17 em interior de residências e dois “em locais ermos, nos municípios de Benguela com 12 casos, Catumbela com 03 casos, Lobito com 03, Cubal com 03, Bocoio com 02, Caimbambo com 02 e Baía- Farta com 01 caso”, assinala o documento fornecido a este jornal, assinado pelo chefe de departamento, superintendente- chefe Francisco António.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela