Os restos mortais do “Decano” dos jornalistas angolanos, Siona Bole Casimiro Watulanta, que perdeu a vida aos 78 anos, por doença, em França, foram sepultados, ontem, no cemitério do Benfica, em Luanda
Num ambiente de pro- funda consternação, personalidades de diversos estratos sociais renderam a última homenagem ao jornalista Siona Casimiro, como era conhecido. “Siona Casimiro faz parte do grupo de jornalistas que sacrificou carreira e privilégios em nome da liberdade de imprensa e de um jornalismo independente”, afirmou o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, quando procedia a leitura do elogio fúnebre. Para o sindicalista, o malogrado deixa à classe jornalística o legado de uma defesa incondicional da liberdade de imprensa, sob pena de não existir jornalismo.
“Foi um exemplo de trabalhador responsável. Siona Casimiro foi um verdadeiro agente da felicidade e um herói da classe jornalística em Angola”
O director da Mayamba Editora, Arlindo Isabel, que trabalhou com ele na edição e publicação da sua obra intitulada, ‘Maquis e Arredores – Memórias do jornalismo que acompanhou a luta de libertação nacional’, descreveu-o como uma pessoa que compreendia o real papel da humanidade e exercia com rigor e profissionalismo as suas responsabilidades. “Foi um exemplo de trabalhador responsável. Siona Casimiro foi um verdadeiro agente da felicidade e um herói da classe jornalística em Angola”, disse.
Uma trajectória notável
Siona Bole Casimiro Watulanta nasceu a 12 de Maio de 1944, em Matadi, província do Baixo Congo para onde os seus pais, André Siona e Isabel Bolesa, oriundos da Serra dia Kanda, Município do Cuimba, província do Zaire, migraram. Diplomado pelo Centro de Formação Profissional de Jornalis- tas (CFPJ) de Paris, França, recebeu a carteira profissional pela primeira vez em “1969”, após estagiar na “Agence Congolaise de Presse” (ACP).
Ainda em Kinshasa coordenou o projecto de criação da Associação Democrática dos Jornalistas Angolanos, onde começou a carreira há mais de 44 anos. Nos últimos anos esteve dedicado a vários órgãos da Igreja Católica, trabalhando como chefe de redação do Jornal Apostolado e membro do Conselho Editorial da Rádio Eclésia. Em Angola, participou na fundação do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) e do MISA-Angola.
Era co-fundador da “Angop” e trabalhou como cor- respondente na PANA, Associated Press. No seu vasto currículo profissional consta ainda que foi o primeiro director do Centro de Imprensa Anibal Melo (CIAM) e membro do elenco pioneiro do Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS), de 1992 a 2002. “Tio Siona” Casimiro, como em vida carinhosamente era trata- do, deixou oito filhos e sete netos.