A greve que se regista no ensino geral desde Segunda-feira pode, a qualquer momento, ser seguida pelos docentes do ensino superior na província da Huíla
POR: João Katombela, na Huíla
O Secretariado do Sindicato dos Professores do Ensino Superior (SINPES) deu uma moratória de sete dias, a contar de Segunda-feira, 9, ao Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) para criar uma comissão de negociação com o objectivo de resolver os problemas que afligem a classe. Esta informação foi prestada à imprensa pelo delegado do SINPES da sexta região académica, Francisco Cruz, na cidade do Lubango, província da Huíla. O sindicalista esclareceu que o MESCTI deve criar uma comissão permanente a que caberá a responsabilidade de encontrar mecanismos de negociação com o sindicato para evitar uma greve no sector. “Estamos a exigir ao Ministério que crie uma comissão permanente para negociações com o sindicato.
A orientação foi passada pelo Secretariado Nacional, na pessoa do seu titular, doutor Pérez Alberto, ao Ministério. Tem apenas sete dias para a criar a comissão negocial”, afirmou. Se no fim deste prazo não tiver a comissão de negociação constituída, o Secretariado Nacional do SINPES vai convocar as regiões no sentido de realizar a assembleia, em que serão criada as condições para uma greve geral neste sector. “Quero sublinhar que não desejamos a greve porque traz muitas consequências. Queremos pedir ao Ministério que mostre a sua boa-vontade, mais uma vez, mostrando que, na verdade, está disposto a debater seja o que for na mesa negocial, de maneira a que se evite uma greve” alertou. Esta iniciativa resulta do alegado incumprimento das promessas feitas pelo MESCTI em relação às reivindicações dos professores universitários, com realce para a aprovação do novo estatuto da carreira docente e remuneração, que deviam ser aprovados no passado mês de Março.
“Os docentes estão cansados. A classe está cansada. Não quer continuar a viver com os problemas sociais apesar de cumprirem com as suas obrigações”, frisou. Francisco Cruz disse que, apesar de a nova direcção do Ministério liderado por Maria do Rosário Bragança Sambo estar a demonstrar muita flexibilidade para recebê-los em audiências, as aflições dos docentes continuam pendentes. “Fomos informados que a aprovação do novo estatuto da carreira docente e remuneratória devia ser no mês passado, mas não aconteceu. Fizemos um levantamento sobre os problemas que afligem a classe, problemas esses que têm estado a aumentar”, disse.
O sindicalista fundamentou, como outra motivação para a paralisação temporária das aulas nas instituições públicas o facto de os problemas virem da anterior gestão deste Ministério. “O tempo passa. Apresentámos as preocupações e nenhuma delas é resolvida e surgem outras que também não o são. Deste modo, acumulam-se os problemas e as preocupações”, declarou. Acrescentou de seguida que “os problemas são tantos que, nesta altura, quero anunciar aos docentes, aos gestores, ao Ministério de tutela e outras entidades afins, que nesta altura a situação é mesmo de greve”. Entretanto, apesar da iminência da greve anunciada na cidade do Lubango, o líder do SINPES garante que está aberto à negociação, no sentido de se inverter o quadro e evitar possíveis danos no processo de ensino e aprendizagem.