A medida da troca das armas de guerra pelas de defesa pessoal está a ser bem acolhida pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Segurança e Autoprotecção (SINTESAP), que apenas se mostra preocupado com a desproporcionalidade, uma vez que estes profissionais temem ser atacados por quem ainda tem arma de guerra. O Sindicato sugere mais acção do programa de recolha de armas
Desde o dia 10 de Janeiro do corrente ano que a Polícia Nacional formalizou o processo de substituição de armas de guerra em posse das empresas privadas de segurança, com a substituição, na altura, de mil e 298 armas, segundo o comissário-geral da PN, Arnaldo Carlos.
A pretensão da PNA passa por iniciar o presente ano com foco na resolução do controlo da posse e uso de armas de guerra que são condicionantes de segurança pública e que não contribuem para a redução da prática de crimes violentos.
Sobre este processo de substituição de armas, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Segurança e Autoprotecção (SINTESAP), Francisco Simão, disse ser uma iniciativa boa, de modo que possa evitar a circulação de armas de guerra nas empresas privadas e com particulares.
Mais do que fazer esta troca, a preocupação, segundo o entrevistado, está no facto de ainda existirem muitas armas de fogo em posse de particulares.
“Às vezes, o pensamento é direccionado aos nossos filiados, que lhes serão retiradas as armas de guerra, mas a preocupação está no cidadão comum que ainda tem a arma de guerra. Não é proporcional o calibre destas armas”, disse.
Sustentou que a medida poderá reduzir, sim, o número de armas de guerra que vão parar às mãos de civis, contudo deve-se intensificar o programa de recolha de armas junto da população.
“Antes faziam revistas, devem continuar. Se possível, que haja estímulos para quem entregar a arma de guerra.
Senão, os seguranças poderão ficar em desvantagens”, exortou. Quanto ao manuseio das armas, o sindicalista disse que as empresas, por lei, são obrigadas a ter um pequeno centro de formação, onde também é ensinado a trabalhar com a arma.
O sindicato em questão não tem recebido reclamações neste sentido, porque boa parte das empresas tem em atenção este aspecto.
Entretanto, as novas armas não são tão difíceis de manusear, uma vez que “é como uma espécie de caçadeira”.
“Outrossim, muitas dessas empresas preferem, hoje, contratar indivíduos que já foram militares. Mas o centro de formação é primordial e a fiscalização não permite que as empresas de segurança funcionem sem tais centros”, sustentou.
Francisco Simão disse ainda que tem conhecimento que muitos trabalhadores vendem o armamento, outros são surpreendidos pelos marginais e roubam-lhe a arma, bem como aqueles que se envolvem em assaltos com marginais usando a arma da empresa.
“Não podemos negar que isso acontece, pois temos registado”, sublinhou. Esta é uma luta que envolve uma série de medidas, como o aumento da fiscalização, a selecção criteriosa dos candidatos a ocupar a vaga de segurança, bem como a melhoria das condições de trabalho e salariais dos seguranças.
Os problemas são enormes, segundo Francisco, pois todos os dias temos visto a forma miserável como trabalham os seguranças.
O sindicalista disse que isto tem resultado também por conta da desorganização das próprias empresas de segurança, que só se preocupam em ganhar os seus lucros, sem saber daquele que garante a protecção dos trabalhadores e das instalações.
“Dizem que a culpa está nos clientes que não fazem o pagamento, e por isso penalizam as empresas de segurança.
Temos funcionários que nem tiveram subsídios de Natal, temos quem não goza férias, entre outras situações”, finalizou.