O tribunal da Comarca do Lubango que julga, desde o dia 23 do mês em curso, o cidadão Walter Ribeiro Raposeiro, de 64 anos de idade, acusado de homicídio da sua esposa, marcou para o dia 20 de Março a leitura da sentença do caso que ficou conhecido por Caso Roxanne (o nome da vítima)
Walter Ribeiro Raposeiro está a ser acusado de ser o autor da morte da própria esposa, a bancária Roxanne Isabel Soares Pestana, de 30 anos idade. A leitura da sentença deste mediático caso ficou marcada pelo juiz da causa, Geraldo Hukuma, para o dia 20 de Março do ano em curso.
Durante os cinco dias de discussão e produção de provas foram ouvidas 20 testemunhas e 11 declarantes. Entre as testemunhas, destacam-se os três oficiais peritos do Serviço de Investigação Criminal, particularmente o Departamento de Medicina Legal e o especialista em balística.
Nos depoimentos prestados, o médico legista que realizou a autópsia ao corpo de Roxanne Isabel Soares Pestana, António Pascoal, disse que o corpo da vítima apresentava lesões causadas por uma outra pessoa antes da sua morte. Roxanne vivia com Walter havia 13 anos, tiveram duas crianças, de seis e 13 anos de idade, com as quais o casal vivia na zona da Tandavala, arredores da cidade do Lubango.
Na última Quinta-feira (26), foi ouvida a filha do casal que confirmou que as lesões encontradas no corpo de sua mãe, podem ter sido causadas pela agressão que tinha sofrido durante a noite do dia 24 de Setembro de 2021. Ao Tribunal, a pequena Salomé (nome fictício), disse que ouviu a mãe aos gritos que traduziam palavras de alguém que estava a ser agredida. “Eu estava na cama e ouvi barulho no quarto dos meus pais, quando acordei fui lá e eles não estavam, o telefone tocou o alarme e o meu irmão acordou. Ouviam- se pancadas na parede e a minha mãe dizia, num tom de quem estivesse a perder a voz: eu não fiz na- da, eu não fiz nada”, revelou.
“Ouvi o meu pai a dizer que se eu morrer, morres comigo”
Durante o interrogatório, Walter Raposeiro foi mostrando muita incongruência nas suas respostas, tendo dito que a relação com a sua esposa era tranquila e pacífica. Tais afirmações foram contrariadas pelas declarações de uma das testemunhas com quem Roxanne Isabel Soares Pestana trabalhava numas das agências bancárias. A testemunha contou que sempre que Walter Raposeiro ligava para a esposa demonstrava estar furioso pelo tom de voz. Este facto foi confirmado pela pequena Salomé de 13 anos de idade. Ao juiz, disse que antes da briga ouviu o pai a dizer para a mãe, que se morresse ela morreria com ele.
“Na mesma noite encontrei a cama desfeita, e não era comum a minha mãe sair sem arrumar a cama”, explicou. Questionada sobre quem seria o possível autor da morte da sua mãe, Salomé, apontou para três figuras, o próprio pai, os trabalha- dores ou mesmo a mãe. “Eu disse que pode ter sido o meu pai, porque na noite anterior ele tinha brigado, também porque ele foi fuzileiro e era o único que mexia com armas.
Talvez pode ser ela que tenha se dado um tiro, porque ela dizia sempre que estava cansada”, garantiu. Para o advogado da família de Roxanne Isabel Sores Pestana, os cinco dias de audiência foram bastante produtivo, pois, o que se colheu poderá ajudar o Tribunal na descoberta da verdade material dos factos. Já o advogado de defesa do cidadão luso-angolano, Walter Raposeiro, acredita na inocência do seu constituinte, tendo dito que tudo o que se produziu até ao momento, nada aponta para este como o autor da morte da própria esposa.