Por conta de atrasos na ordem de saque, quatrocentas funcionárias que prestam serviços, a título individual, à Administração Municipal do Lobito na área de limpeza estão há três meses sem salário, facto que tem criado enormes dificuldades à vida das suas famílias. O administrador Evaristo Calopa Mário assegurou, ao jornal O PAÍS, que o caso vai ser solucionado ainda esta semana
Com um salário men- sal de 32 mil kwanzas, as funcionárias referem que, com o agravar da situação económica no país, atrasos salariais como aos que elas estão sujeitas causam enormes constrangimentos na vi- da de qualquer pessoa e lamentam o facto de terem ficado, em função disso, sem capacidade até para compra de bens de primeira necessidade. Muitas delas receiam abordar o assunto publicamente por temerem represálias dos “chefes”. Neste sentido, as centenas de funcionárias apelam a quem de direito, sendo o administrador do Lobito, Evaristo Calopa Mário, o principal visado, que procure uma solução para atenuar, ainda que para tal se adopte a distribuição de produtos da cesta básica -como ocorria no tempo da “Câmara Municipal”.
A entidade empregadora admite, mas alega que os atrasos se de- vem à demora no processamento da “ordem de saque” junto do Tesouro Nacional. O administrador municipal tranquiliza e assegura que tudo está a ser feito para que ainda esta semana as senhoras prestadoras de serviços à sua instituição tenham os salários nas suas contas. “Esta semana elas terão o dinheiro”. Reagindo às reivindicações das funcionárias de limpeza, o administrador Evaristo Calopa Mário descarta a responsabilidade directa da sua instituição, remetendo, por isso, ao Tesouro Nacional, porquanto, como disse, há um processo de uma ordem de saque em curso cujo expediente há muito que foi emiti- do. “Temos de facto um atraso de 3 meses, cujas ordens de saque já foram oportunamente emitidas e em processamento.
O pro- cessamento decorre e a qualquer momento teremos os valores na conta das nossas guerreiras. Abraço fraterno”, respondeu o governante à Rádio Mais. Antes de termos expedido esta peça, contactámos com a directora municipal do Ambiente, Graciosa Sequeira, de quem obtivemos informação de que a referida ordem para pagar as 400 funcionárias de limpeza não tinha sido ainda processada pelo Ministério das Finanças, que tem à testa Vera Daves.
“Até aqui continuamos à espera do pro- cesso, não tivemos nenhuma informação”, disse. Este jornal sabe que, em muitos casos, os atrasos de alocação de verbas mediante expediente de ordem de saque se deve, fundamentalmente, a problemas de tesouraria. Daí que o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Mas- sano, tenha advertido, recente- mente, que, doravante, os mesmos só passarão a ser emitidos com base em confirmação de disponibilidade financeira, de modo a evitar atrasos nos pagamentos.