Automobilistas manifestam-se preocupados com o grau de degradação das juntas de dilatação da ponte sobre o rio Catumbela baptizada como ‘4 de Abril’, em homenagem ao dia da paz, e alertam para a necessidade de se efectuar manutenção, de modo a evitar danos maiores. O Instituto Nacional de Estradas de Angola admite que há 14 anos que não se fazem trabalhos de manutenção na infra-estrutura que custou aos cofres do Estado mais de 27 milhões de euros
Há muito que os automobilistas sentem um certo desconforto, quando atravessam a ponte sobre o rio Catumbela, devido ao eleva- do estado de desgaste das juntas de dilatação, o que, em certa medida, condiciona a vitalidade dos meios, como admitiram muitos deles. “A pessoa sente um certo desconforto quando passa pela ponte. Isso dá-nos cabo dos terminais e tesouras”, refere um automobilista que se identificou apenas como Domingos.
Às juntas, adiciona-se também algum desgaste no asfalto como que a carecer mesmo de uma intervenção urgente de quem de direito, conforme constatação feita por este jornal no perímetro da ponte. A infra-estrutura, de dimensão nacional e internacional, construída sobre um dos maiores rios da província, permite a ligação do município de Benguela ao centro Norte e Sul do país, facilitando as trocas comerciais entre Angola e alguns países da África Austral, tais são os casos, por exemplo, da África do Sul e Namíbia e, por conseguinte, da Zâmbia.
De tal sorte que o cidadão taxista Miguel Jimbo apele para uma intervenção urgente, de modo a que se evitem danos maiores tanto para o Governo quanto para quem se vê obrigado a circular diariamente por aquela ponte. “O nosso Governo não pode esperar que as coisas se estraguem para depois agir”, recomenda o cidadão.
Recentemente, em entrevista ao jornal OPAÍS, o arquitecto Felisberto Amado criticou o facto de o Governo construir infra-estruturas milionárias e não se dar ao trabalho de prever o quesito da manutenção de infra-estruturas postas à disposição das comunidades.
Para o especialista, afigura-se imperioso que se inverta este cenário, porque qualquer tipo de equipamento social tem um tempo de vida útil, requerendo, como é óbvio, manutenção de tempo em tempo.
“O nosso maior problema aqui é justamente a manutenção. O governo falha sempre neste quesito. Então, como é que vais construir uma infra-estrutura sem prever a manutenção? Por isso é que nós temos muitos problemas com as nossas infra-estruturas”, realça.
INEA reage às reclamações
O Instituto Nacional de Estradas de Angola, na pessoa do director provincial em Benguela, Domingos Valdimir Cipriano, admite que há 14 anos que não se fazem trabalhos de manutenção na ponte que custou aos cofres do Esta- do pouco mais de 27 milhões de euros, inaugurada pelo saudoso Presidente José Eduardo dos Santos, em 2007.
Entretanto, diante do cenário vigente na infra-estrutura, Domingos Cipriano diz que estão a ser tomadas uma série de medidas na perspectiva de se inverter o quadro, na base de um programa previamente elaborado. Desta feita, o responsável pontualiza estar já em curso, sob responsabilidade da direcção central da sua instituição, um processo de contratação em sede do qual se vai escolher uma empresa que se vai encarregar pela substituição das juntas da ponte.
“Está-se a trabalhar para que nos próximos dias tenhamos a resolução desta situação. Temos contacto com a direcção geral e, provavelmente, até esta semana que vem, se calhar, teremos boas respostas”, manifestou-se confiante. O director do INEA Benguela descarta indícios de problemas graves e assegura acompanhamento por parte de uma equipa que, periodicamente, tem estado na ponte a fazer todo o tipo de levantamento.
“Tratando-se das juntas de dilatação, temos que entender que isto é uma peça que, ao longo do tempo, ela vai sofrendo desgaste. Quando sofre desgaste, há necessidade de fazer a sua mudança, assim como há dois anos fizemos na ponte sobre o rio Coporolo e, em seguida, fizemos na ponte do Cavaco e também vai se fazer, em tempo certo, a mudança dessas juntas de dilatação”, revela.
Apesar do desgaste das juntas, o responsável tranquiliza, com o argumento de que tal não constitui nenhum risco para os automobilistas, mas os automobilistas reclamam das saliências de ferros que causam danos aos seus meios. “Vamos ter um bocado de cautela ao atravessarmos a ponte, porque todos nós estamos a ver o quê que se está a passar e entendemos que o problema não é tão grave”, minimiza Domingos Cipriano.
Vandalização de chapas tira paz à 4 de Abril
O director do INEA manifesta-se, igualmente, preocupado com o nível de vandalização de que a ponte está a ser alvo, consubstanciada, essencialmente, na retirada de chapas e cita como exemplo as de protecção dos campos de iluminação. Segundo Domingos Cipriano, há dois anos que a sua direcção tem vindo a trabalhar com a polícia local, depois de se ter registado o roubo de cabos e disjuntores.“Desta vez, foi-nos surpreendido que também roubaram a placa metálica de inauguração da ponte”, disse. Nela, constava, entre outras informações, a data e o nome da pessoa que a inaugurou.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela