O economista Julião Kutekila defende um prazo de dois a 5cinco anos para a proibição de sacos plásticos, de modo a não prejudicar os agentes económicos, as empresas e a economia das famílias Julião Kutekila refere que é necessário um período de médio prazo para que os empresários tenham tempo suficiente de importar sacos de papel ou mandar produzir sacos de pano, realçando que as fábricas no país não são suficientes para atender a demanda.
Para ele, as empresas que se dedicam à produção de sacos plásticos seriam obrigadas a se reinventar ou paralisarem, o que colocaria muita gente no desemprego.
“Caso a medida de proibição de utilização de sacos de plásticos for imediata, do ponto de vista económico, irá representar uma perda enorme para a economia e as famílias, pois muitos que trabalham na produção, comercialização e distribuição do produto irão para o desemprego”, reforçou.
Um prazo alargado, sublinha, vai permitir que os agentes económicos consigam fazer o escoamento do produto em stock nos armazéns e os agentes económicos que têm este negócio podem enveredar para outras actividades para não perderem o capital investido.
Julião Kutekila lembrou que, em Angola, não existe outra produção de sacos que não sejam de plástico, e que são os meios que os agentes económicos utilizam para acondicionar os produtos comercializados nos supermercados e não só.
“Não devemos olhar somente para a questão nociva ao meio ambiente, mas sim na visão alternativa, porque os agentes económicos não podem paralisar as empresas repentinamente, mas num período a médio prazo”, explicou. Já José Sapi, especialista em economia e gestão, é de opinião que sendo o Estado uma pessoa de bem deverá definir uma política de absorção de mão-de-obra, caso as empresas anunciem falência, de modo a que os cidadãos afectados consigam adquirir novos empregos.
Reforça que do contrário a destruição de postos de trabalhos poderá se reverter em apertos, o que não abona a sociedade devidos aos riscos de problemas sociais como a delinquência e a prostituição.
“Seria bom reavaliar esta política, porque a classe empresarial é aquela que determina o crescimento económico de um determinado país. Por outras palavras, diria que, sem as empresas, é impossível termos economia”, refere.
Meio ambiente
O engenheiro ambiental Isaac Sassoma, que vê na iniciativa Presidencial como uma maisvalia, a julgar pelo impacto dos plásticos no meio ambiente, é de opinião que, criada que está a referida comissão, a esta cabe, agora, definir mecanismos que cocorram para a regularização do plástico, começando por uma educação ambiental.
“Nós estamos, realmente, em condições e preparados para que não possamos depender do plástico e isto parte pela mudança de comportamento por parte dos consumidores e populares em geral”, disse.
Os interlocutores sublinham que a medida já deveria ser tomada há alguns anos, pelo facto de a comunidade internacional há alguns anos que apela pela proteção do meio ambiente.
De frisar que, a medida para a proibição do uso de sacos plásticos em Angola consta no Despacho Presidencial 289/22 de 30 de Dezembro, que visa assegurar maior protecção e equilíbrio do ecossistema mundial, reveste-se na eliminação da produção, importação, comércio e consumo do plástico, tendo em conta o impacto nocivo que provoca no meio ambiente, mormente à economia azul.