Quem precisar de estatísticas e outros dados referentes ao universo de pescadores, armadores e embarcações existentes em Benguela terá que fazê-lo por conta própria, investigando por via de levantamentos no terreno. Isto porque a tutela provincial baseia-se em dados estatísticos com dez anos.
Essa base de dados provincial, compilada há uma década, serve até hoje de suporte para planear actividades diárias, mensais e anuais, sendo referência para efectivar as tarefas dos departamentos da Direcção das Pescas.
Entrevistado por O PAÍS, Francisco Morais, chefe do Departamento de Pescas, da Direcção Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, enunciou que o processo de inquérito é moroso, tendo-se estendido por um mês, em 2007. “Controlar” sem saber quem, nem quantos…
De acordo com Francisco Morais, de um modo genérico, a Direcção Provincial das Pescas tem a responsabilidade de “controlar toda a actividade no sector das pescas, de forma administrativa” e não só. Para “controlar toda a actividade” pesqueira, é imperativo conhecer, via registos, quem a pratica. Porém, a repartição protectora das pescas de Benguela, desconhece o número de pescadores activos, pois não desenvolve pesquisas há 10 anos.
Deste modo, os dados obtidos no censo pesqueiro de 2007, que ainda hoje tidos como base para trabalhar, apontam 1800 marinheiros operando em 26 barcos industriais e 27 semi-industriais afectos a 26 empresas pesqueiras activas.
O responsável provincial da Pesca Artesanal, Manuel Charrua, deu a conhecer que, os dados estatísticos, compilados há uma década, assinalavam 649 armadores e 4831 pescadores artesanais em Benguela, detentores de 1918 barcos.
Os dados de há 10 anos indicam também que Benguela tinha “53 comunidades marítimas e uma continental”, bem como “48 cooperativas e associações”, narrou Francisco Morais. Dividida em três sectores, a tutelar piscatória tem: área administrativa, ramo da fiscalização e departamento de pescas. E a acção pesqueira praticada por embarcações inferiores a 15m é supervisionada pelo Instituto de Pescaria Artesanal.
A pesca não se faz apenas no mar. E porque a província de Benguela é percorrida por rios, detendo também lagoas, muitos pescadores artesanais sobrevivem dos recursos piscatórios que esses canais de água oferecem. Apesar disso, a direcção das pescas possui apenas postos de observação nos municípios do litoral de Benguela, nomeadamente, a sede com o mesmo nome, a Baía Farta, a Catumbela e o Lobito.
Francisco Morais sabe que, “à medida que a população aumenta”, os praticantes de pesca “também vão aumentando, essas comunidades crescem com muita força”, logo, é impraticável continuarem a fazer recurso a estatísticas com dez anos de antiguidade.
Na sua opinião, é necessário que se faça “um trabalho mais efectivo” nas zonas recônditas e de difícil acesso, pois, por lá, existem várias comunidades pesqueiras que não são objecto de acompanhamento.