Os passageiros dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes manifestaram-se, ontem, contra a paralisação dos comboios de carga e de passageiros, por estar a prejudicar a sua rotina. Para acalmar os ânimos dos passageiros, foi necessária a intervenção da Unidade de Reacção e Patrulhamento. Entre os passageiros mais descontentes com a paralisação dos comboios iniciada no dia 16 do mês em curso estão as vendedeiras de produtos perecíveis, como hortícolas e frescos tirados da cidade do Lubango para Menongue.
Segundo alguns interlocutores que falaram à nossa reportagem, alguns dos produtos adquiridos na província da Huíla estão a deteriorar-se para o prejuízo de muitas famílias que dependem deste negócio. Jamba Antónia comprou mais de 10 caixas de tomate e pimento para comercializar na cidade de Menongue, capital da província do Cuando Cubango, e disse que poderá perder o dinheiro investido por conta da deterioração do produto. “Estou aqui na Estação dos CFM há quase uma semana, disseram que o comboio não está a andar porque os trabalhadores estão em greve, o tomate já está a estragar, o pimento está a ficar mole, já não tem como retirar o dinheiro que investi”, lamentou.
Por seu lado, António Mujango, camponês na localidade das Cabanas, arredores do município da Jamba, província da Huíla, disse que chegou à cidade do Lubango na semana passada, para adquirir sementes, tendo em conta a época chuvosa que já se faz sentir um pouco por todo o país. Por conta dos inúmeros acidentes de viação que se registam nos últimos tempos no troço Lubango/ Matala, deixou de viajar de carro e prefere andar de comboio, porém, com a sua paralisação, teme que a sua lavoura registe certo atraso, caso a situação da greve dos trabalhadores dos CFM prevaleça.
“Chegámos aqui as cinco horas de hoje [ontem], mas encontramos a bilheteira fechada, disseram que o comboio não vai andar porque estão em greve. Queremos só que o director venha explicar-nos o que se passa, porque estou a perder a chuva na minha lavra”, explicou. Para o dia de hoje, está reservado um encontro entre a comissão negociadora e o Conselho da Administração dos CFM, para encontrar uma possível solução do problema. Ainda assim, o conselho da administração dos Caminhos-de- Ferro de Moçâmedes continua sem prestar qualquer declaração à imprensa sobre o assunto.