Na cerimónia de comprimentos de Ano Novo, o comandante Panda considerou que a corporação vive um dos momentos mais críticos da sua história, caracterizada pela degradação da sua imagem, dado “o cancro da corrupção que grassa por algum dos seus órgãos, e que tem prejudicado a qualidade na sua relação com os cidadãos”.
POR: Milton Manaça
O comissário-geral da Polícia Nacional (PN), Alfredo Mingas “Panda”, disse ontem, em Luanda, que a corporação não pode continuar a aceitar serenamente o esquema de promoção de categorias baseada na venda de patentes. “Devemos acabar com as práticas generalizadas de corrupção nos nossos próprios órgãos, onde se chega ao cúmulo de haver esquemas de venda de patentes, e também nos serviços que lidam directamente com os cidadãos”, declarou o comandante Panda.
A alta patente da PN disse que os comandantes, comissários e outros efectivos da corporação devem fazer um exame de consciência sobre a sua actuação na corporação que, segundo ele, está eivada de vícios e males, alguns dos quais crónicos, que devem ser banidos definitivamente. Num discurso mais virado para dentro, o responsável apontou males como o nepotismo, proteccionismo, oportunismo e outras condutas negativas contra os quais a PN deve realizar uma ofensiva generalizada para eliná- los.
Alfredo Mingas defendeu que o cumprimento da lei estabelecida pela Constituição da República deve começar no interior da Polícia Nacional, tendo anunciado que já estão em curso acções que visam reestruturar a orgânica do Comando Geral. Exortou os seus confrades para olharem para as suas condutas e entenderem que não estão a fazer favor algum ao agirem com bases nos princípios da corporação, mas como verdadeiros servidores públicos ao serviço do cidadão.
O comandante Panda reparou que a corporação vive um dos momentos mais críticos da sua história, caracterizado pela degradação da sua imagem, “dado o cancro da corrupção que grassa em algum dos seus órgãos e que tem prejudicado a qualidade na sua relação com os cidadãos”. O responsável deixou também um recado à Polícia de Trânsito no sentido de acabar com a prática da “gasosa”, bem como a eliminação da violência contra as zungueiras no combate à venda ambulante. A alta patente da PN lamentou, por outro lado, a morte de mais de 80 agentes em 2017 em pleno exercício da sua actividade de manutenção da ordem e segurança públicas.