Manuel Alfredo Firmino Luís, de 32 anos de idade, não resistiu aos vários golpes de faca nas regiões do abdómen, peito e braços, supostamente feitos pelo seu colega de profissão, e com o qual partilhava o quarto, por razões ainda não explicadas. O jovem palestrante motivacional foi encontrado morto no seu centro de formação/escritório, na zona Verde do Benfica, em Luanda
O cenário da morte do jovem Manuel é de arrepiar. O chão ensanguentado e as marcas na parede descrevem uma cena de crime onde a vítima lutou bastante para se manter viva, mas que, infelizmente, foi vencido pelo seu predador que usou da faca de cozinha para desferir golpes, de forma indiscriminada, em várias partes do corpo. Terminava ali, no centro de formação que inaugurou recentemente, a vida de um jovem sonhador, que gostava de incentivar os outros jovens a empreenderem.
Também gostava de leccionar e pensava em ser um empreendedor de sucesso. Manuel Luís foi encontrado morto pelos funcionários do centro de formação que, no último domingo, tentaram abrir a porta da instituição e se depararam com o corpo do professor estatelado, juntamente com o cenário sangrento. Chamaram a Polícia, na zona Verde do Benfica, área das Tendas. Em entrevista ao jornal OPAÍS, Miguel Luís, irmão da vítima, disse que o crime aconteceu no seu local de trabalho e as suspeitas recaem sobre um dos funcionários de Manuel, com o qual partilhava o escritório durante a noite, porque tinham dificuldades de permanecerem nas suas próprias casas no tempo chuvoso.
A vítima, desde as primeiras chuvas que caíram sobre a cidade de Luanda, preferiu passar a dormir no escritório, juntamente com o jovem que é tido como principal suspeito, porque a casa que tinham arrendado na zona das Salinas, Benfica, inundava sempre que chovesse. “É este jovem, que não sabemos o nome, que a Polícia suspeita, uma vez que foi a pessoa com quem esteve nas últimas 24 horas. Este mesmo funcionário vivia no Golf 2 e o escritório fica no Benfica.
Por causa da distância, e os gastos com o transporte, passou a dormir também no escritório. Ninguém sabe do jovem e está desaparecido”, conta. Para além do centro de formação, onde dava formação em empreendedorismo, Manuel Luís leccionava várias disciplinas, desde a 5ª até à 10ª classe, num colégio. O jovem tido como suspeito do crime também trabalhava no mesmo colégio da vítima, tinha as chaves do escritório e do próprio colégio.
Colega tido como foragido
Desde a data dos factos que o principal suspeito está desaparecido, pelo que se subtende que esteja foragido. Não apareceu na casa do óbito, nem nos dois locais de trabalho, e os outros funcionários do jovem assassinado também não sabem do seu paradeiro. Manuel Luís não deixa mulher, nem filhos. Apesar de o seu irmão não souber precisar a quantidade de golpes que levou, disse que as regiões golpeadas foram a do peito, abdómen e braços.
“Ele sempre almejou ser um grande empresário e ajudar o seu próximo, transmitindo o seu conhecimento e ajudando a criar emprego. No seu centro, inaugurado recentemente, empregava três pessoas e tinha perspectivas de crescer. Eles tinham boas relações e os outros funcionários ficaram espantados com esta situação”, sublinha. Uma fonte anónima do jornal OPAÍS disse que o colega suspeito, que responde pelo nome de Saturnino Gaspar António, de 22 anos de idade, só passou a ficar muito chegado do professor Manuel porque o “braço-direito” deste, o professor Carlos, encontra-se doente.
Assim, Manuel Luís passou a confiar em Saturnino ao ponto de lhe dar as chaves do centro de formação/escritório, e não permitir que passasse dificuldades com as cheias das chuvas. Esta fonte disse ainda que só Saturnino saberá dizer o que aconteceu, uma vez que nunca presenciaram alguma desavença entre os dois e pareciam ter uma relação saudável entre colegas.
Para finalizar, a nossa fonte disse que há forte desconfiança em Saturnino porque levou o telefone da vítima, o fixo do escritório e os documentos todos que aparecem o seu nome e endereço, que a instituição tinha nos arqui- vos dos funcionários. Onde está Saturnino? Ninguém sabe, ainda. Enquanto isso, a família de Manuel Luís se despe- de dele, hoje, no campo santo do Benfica – sua última morada.